Centenário de Seu Leitão

Nascido em 19 de janeiro, Francisco de Vasconcelos Leitão faria cem anos. O seu centenário de nascimento será celebrado e comemorado nesse sábado, 3 de fevereiro, quando se reunirão, na cidade, familiares, parentes, aderentes e muitos amigos.

Toda a Cajazeiras o conhecia como Seu Leitão da Pernambucana. Aqueles que o procuravam eram recebidos sempre de braços abertos, indiferentemente de condições econômicas, sociais ou políticas. Assim, ele foi político sem nunca ter exercido cargo público eletivo, embora tenha servido de trampolim, ajudando muitos amigos e correligionários do antigo PTB, partido de que foi fundador em nível regional, tendo sido o seu primeiro presidente.

Nesse campo, foi memorável a campanha de Raimundo Ferreira à Prefeitura Municipal de Cajazeiras, que ele praticamente comandou. Nem por isso deixava de ser respeitado e elogiado por amigos de outros grupos políticos.

Assim é que, sem nunca abandonar suas atividades gerenciais junto às tradicionais Casas Pernambucanas, exerceu a função de Secretário de Finanças nos governos municipais de Chico Rolim e de Epitácio Leite, pois, mesmo em partido diverso, dizia exercer a função pela cidade que o recebeu na infância, advindo de sua terra natal, Brejo do Cruz, depois de breve estada em Missão Velha, no Ceará.

Seu Leitão vivia Cajazeiras na plenitude evolutiva desta e na abnegação, competência e desenvoltura organizacional em vários setores de suas atividades laborais e habituais.

Oriundo de família modesta, seu pai, Elisiário Gomes Leitão, dedicava-se a transações comerciais algodoeiras, mudando-se da cidade de origem para o Ceará, para onde levou a sua família, quando Leitão ainda era criança, o primogênito da família.

Com a morte do pai, a mãe vem para Cajazeiras, passando a família a viver quase que ao comando do filho mais velho, com a idade de apenas quatorze anos, que assim se tornava, ainda pré-adolescente, o “arrimo de família”, quase que supervisionando os irmãos: Detinha, Deusdedit, Ruy, Socorro Leitão, Nazareth e Elza.

Em chegando à cidade que o recebia, foi empregado/contínuo das citadas Lojas Pernambucanas, ainda sob a gerência de Seu Alencar, cearense, que, posteriormente, voltando a Fortaleza, e por mando da gerência regional, estabelecida na capital alencarina, o indicou como novo gerente, função e atividade que exerceu por longos 33 anos, quando se tornou um “homem público”, com penetração amistosa em todos os setores de nossa cidade, dos mais modestos aos mais elevados.

SEU LEITÃO, COM OS AMIGOS: CASAL IVON GOMES E ROSA MARIA E ALCINO XAVIER, EM EMBARQUE NO NOSSO ANTIGO AEROPORTO, COMO PASSAGEIROS DA REAL AEROVIAS NACIONAL, DEPOIS VARIG

Dentre as campanhas em benefício da cidade que o adotou, algumas merecem destaque: 1° diretor da Cia. Telefônica de Cajazeiras, onde mantinha saudável parceria com Raimundo Ferreira; porta-voz da cidade junto ao então Presidente da República, João Goulart, seu companheiro de PTB, por quem, junto com uma comitiva de cajazeirenses ilustres – entre eles Aldo Matos e Wilson, então gerente do Banco Industrial de Campina Grande, de que era sócio de Newton Rique –  foi recebido em Campina Grande, buscando e conseguindo a implantação do sistema de água para abastecimento público; fundador e presidente (gestão 1962/1963) do Rotary Club local; fundador e 1º Venerável da Loja Maçônica Presidente Roosevelt, cujo terreno para construção da sede foi por ele doado na Rua Líbio Brasileiro, terreno vizinho de sua residência; diretor social do Cajazeiras Tênis Clube, a que dedicou inolvidável trabalho junto aos amigos Hidelbrando Assis, Deodato Cartaxo, Antônio Rolim, entre outros ilustres conterrâneos; sócio e influente membro do tradicional e saudoso sodalício Clube 1º de Maio, sobretudo na administração do seu primeiro presidente Domício Holanda; integrante da comitiva que lutou para a instalação da Chesf em Cajazeiras; lutador na incansável, mas infrutífera luta pela manutenção da RVC – Rede Ferroviária Cearense – em nosso torrão natal; baluarte na implantação da antiga Real Aerovias Nacional, que depois foi absorvida pela VARIG, que mantinha linhas regulares para Fortaleza, Teresina, São Luís, Campina Grande e Recife; membro dedicado e influente nas decisões da Associação Comercial de Cajazeiras.

Seu Leitão, embora tivesse cursado apenas o antigo primário, foi o incentivador maior da educação filial. Assim é que fez dos filhos ilustres profissionais a serviço da comunidade. Comungo, com a família Vasconcelos Leitão, dessas celebrações pela passagem do centenário de nascimento de Seu Leitão, fazendo minhas as suas homenagens daquele que é e sempre será um símbolo de decência, hombridade, trabalho, administração, amizade, incansável que era em busca de uma convivência sadia com todos, sem distinção de classe, que fazia o seu dia a dia.

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