Um perigoso Sete de Setembro

Em 1922, o então presidente da República, nosso conterrâneo Epitácio Pessoa, programou um dia de comemorações do centenário da data que marcou oficialmente a emancipação política do Brasil. Neste ano, estaremos celebrando o bicentenário desse acontecimento histórico. Ou deveríamos estar. A diferença é que, agora, temos um chefe da Nação que tenta fazer do evento uma manifestação de cunho político partidário. Determinou que as Forças Armadas participem de um ato público com evidentes características eleitoreiras, contrariando o ambiente festivo de cem anos atrás.

Mais grave do que isso, é o clima de insegurança pública que está sendo fomentado, com o presidente e seus seguidores convocando para uma manifestação com motivações antidemocráticas, atacando as instituições republicanas. Um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro chegou ao cúmulo da irresponsabilidade ao solicitar dos brasileiros que possuam armas comparecerem como militantes da campanha do pai. Qual a razão dessa presença portando uma arma? Como se fosse um convite para uma guerra civil.

Preocupa essa provocação bélica. A população, nesse dia que deveria ser de congraçamento nacional, está em estado de alerta, temendo tumultos que causem convulsão social. O mundo inteiro está com os olhos voltados para o nosso país na expectativa do que possa acontecer. O discurso de ódio alimenta a violência e o confronto entre brasileiros que têm posições diferentes no processo eleitoral deste ano. Ainda que em minoria, os apoiadores do presidente mostram-se dispostos a tudo para atendimento dos interesses do seu líder.

Isso pode ser considerada uma ação patriótica? Claro que não. É estímulo à luta armada. É recomendável, portanto, que os não apoiadores do Presidente, que formam uma ampla maioria, evitem sair às ruas neste sete de setembro, a fim de que sejam evitados confrontos desnecessários e perigosos. O bom senso aconselha isso. Não podemos entrar nessa convocação de guerra. O brasileiro responsável e amante da pátria quer paz e não aceita entrar numa luta fratricida.

Deixemos que eles façam a festa programada, de forma a que tenhamos garantida a tranquilidade social. Se querem demonstrar apoio popular nas ruas que o façam. O lamentável é misturar um ato comemorativo de um acontecimento histórico com mobilização político-partidária. O nosso silêncio majoritário terá efeitos de um grito em favor da democracia e da Constituição vigente. Vamos fazer a nossa parte e distensionar o ambiente. A resposta será dada no dia dois de outubro. Ditadura nunca mais.

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