Cavalcante, uma câmera aberta

A primeira exposição do fotógrafo cajazeirense Cavalcante Júnior, segundo ele me disse, foi em Brasília, em 2014, a convite da AC2B – Associação de Cajazeirenses e Cajazeirados em Brasília. Sempre foi nosso propósito divulgar ao máximo nossa cidade. Tive o prazer de recepcioná-lo em minha residência. Daí surgiu uma sólida amizade.

Levei-o ao Museu Nacional de Brasília, criado por Oscar Niemeyer, para ver as várias exposições em cartaz. Ele ficou deslumbrado. Ele nunca tinha entrado numa exposição daquele nível. É tanto que me falou que queria colocar uns letreiros que viu lá em sua exposição no Espaço Cultural Eliézer, mas era muito caro. Ele lembrou desse detalhe de há oito anos.

Não sei o que ele viu nessa sua viagem a Brasília para ter gostado tanto. Revendo meu WhatsApp eis o que ele disse: “Quando estive em Brasília foi uma experiência que mudou minha vida, conhecer vocês, expor pela primeira vez e aprender com você e sua família tantas histórias”. É verdade que depois de ter cumprido os compromissos da AC2B e visitas pela cidade, a noite foi uma farra lá em casa bebendo e comendo enquanto editávamos imagens e fotos para serem divulgadas nos sites, blogs, Tv Diário do Sertão… Contando histórias e estórias, papeamos sobre Cajazeiras, sobre a vida, com a presença dos amigos Ubiratan de Assis, Sales Fernandes, Peterson Santos, Mário Bembem e outras pessoas. Foi um verdadeiro sarau inesquecível que entrou pela noite.

Calmo, tranquilo, humilde, era apaixonado por Cajazeiras e pela arte da fotografia. Há pouco mais de duas semanas estive com ele em Cajazeiras. Quase que uma manhã inteira conversamos sobre tudo. A fotografia tradicional e a de hoje via celulares; os mecanismos da revelação fotográfica antigamente para eventos; os primeiros sintomas da doença que o vitimou; seu desprendimento; sua vida familiar; seu acervo fotográfico, e muitas outras coisas da vida.

No dia dez de agosto último recebi um zap seu. Abro aspas: “Boa tarde, amigo. Quero pedir sua autorização para dedicar minha exposição a você e família”. A exposição Remexendo memórias: 100 anos de história fotográfica em Cajazeiras, seria realizada no Espaço Cultural Eliézer Rolim. Como que eu ia negar, mesmo entendendo que tem muita gente importante na cidade para ser homenageada, e não um simples amigo. Lógico que não iria contrariá-lo. Autorizei.

Para essa exposição ele já havia me perguntado se eu tinha lembrança de algum fotógrafo cajazeirense antigo. É que eu havia mostrado para ele, lá em Brasília, e ele ficou encantado, umas vinte fotos minhas antiguíssimas de Cajazeiras, que herdei de meu pai, criador do jornal O Observador em 1955 em Cajazeiras. São fotos originais, por exemplo, da construção da prefeitura de Cajazeiras, a antiga ponte do Açude Grande e outras. Publiquei essas fotos em redes sociais e hoje circulam por elas, em camisetas, jornais e revistas impressos, sites, outdoors… Por razão de trabalho eu e minha esposa, Maurinete, não podemos comparecer à exposição.

Descanse em paz, grande amigo. Sua lembrança será eterna em nossos corações e nossa amizade foi muito bonita e verdadeira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share