As crises sucessivas e o bolsa-milionário

A crise existe, e de tempos em tempos existiu e certamente vão existir e elas, como as ondas, vêm e vão, e sempre essas são segmentadas. Por exemplo: Não existe seca? Tem alguém dirigindo um carro–pipa e ganhando dinheiro; até quando todo mundo está chorando, tem alguém vendendo lenço, certo? O grande problema, é que a gente fica como aquele sujeito que vivia preocupadíssimo com a crise, e um dia ele foi para uma casa isolada do mundo, e quando encontraram ele, tinha enlouquecido, pois sem ouvir rádio nem televisão, não soube nada da crise e não estava preparado para viver num mundo se crises.  Pois é quando a gente não vê nenhuma solução, é sinal que ela está bem próxima.

Meu caro leitor; ao longo dos meus quase sessenta anos, já vivenciei crises muito piores que a atual. No começo dos anos oitenta, o Brasil era um país sob a tutela do FMI e seus remédios amargos (cada um pior que o outro), e quem governava o pais de fato era uma tal de Ana Maria Jul, que vinha de seis em seis meses, se eu não me engano, fiscalizar os negócios do governo, e haviam umas negociações intermináveis nos Estados Unidos, e se alguém hoje pode esculhambar com o governo, naquele tempo, podia ir direto para a cadeia, um pouco antes, uma passeata de Bosco Barreto contra o governo, Cagepa, Saelpa (ele as chamou de “duas ladronas” – mudou?), e tudo mais, virou assunto de Segurança Nacional, e veio a Polícia Federal aqui para interrogar Bosco (na época suplente de senador), e o caso se resolveu a nível de Brasília. Falar do governo naquele tempo era para quem podia, um pouco antes, o então MDB aproveitou esse horário eleitoral gratuito para dizer umas verdades (pelo menos naquela época parecia – o MDB daqueles tempos, nem de longe se parece com o de hoje) e seu presidente foi cassado e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, eram outros tempos.

Hoje quem quiser, pode dizer o que quer, e nem de longe tem represália.  Lá era dureza, mas vamos esquecer aqueles tempos e ver o presente. Crise há, claro, mas o Brasil não é devedor do FMI, um governo fraco politicamente,e se ele não resolver, o mercado resolve, ou já está resolvendo, e sempre diminuído nossos direitos, o leitor não está acompanhando a queda do dólar, nossos salários não subiram, o que significa que estamos mais pobres em dólar.  O que a sociedade civil tem que fazer, é discutir onde deve cortar, onde e o que aplicar, e onde se deve arrecadar.

Posso dar algumas sugestões pessoais, por exemplo: o Brasil tem uma das maiores carga tributária do mundo, mas não taxa grandes fortunas, e para quem mora fora, o nosso Patropi, é o maior paraíso fiscal do mundo. Os bancos daqui tem a maior lucratividade do planeta, os ganhos de capital (a mercadoria dos bancos) quase não é taxada. Enquanto se discute o corte no bolsa família, se esquece esses senhores, uns setenta mil isentos que detêm 25 % do PIB, e esses desde 1995, talvez o único no mundo, se  o governo voltasse a taxar essa galera, em 15%, como era antes, apura uns quarenta bilhões de reais, no mínimo, as heranças tem uma taxação de 4 %, e na França, esse tributo varia de 5 % até 40 %, se se somar tudo isso o país tem um programa Bolsa milionário enorme, e claro,esses mandam na imprensa, raramente aparece na grande mídia.

A Própria CPMF, com toda a sua bi-tributação, tem uma vantagem inegável, o pobre paga pouco, o rico paga muito e pega ladrão, corrupto e sonegador, é bem democrática. A gente, com ou sem o PT, que nasceu com a redemocratização, temos que encontrar canais para ver o que deve ser preservado o o que tem que ser cortado e o que tem que ser taxado, senão vamos ficar com mais do mesmo…

A gente mais nov que não viu, bem que podia tomar a medida de chamar o FMI para aplicar seus remédios. Não sei se a Ana Maria Jul ainda não se aposentou, mas deve ter algum sucessor.

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