A República de Curitiba decidiu continuar fazendo política

A força tarefa da operação Lava Jato, que ficou conhecida como a “república de Curitiba”, entrou em outro campo de atuação. Dois dos seus principais integrantes decidiram ir às urnas. Foi o passo conclusivo no projeto de poder que engendraram, enquanto estavam no comando da midiática operação. Enfim, entraram na arena política, escancaradamente, tentando tirar proveito da demagogia pseudo justiceira, com que ganharam, por algum tempo, grande popularidade.

A farsa judicial promovida já foi desmoralizada no campo jurídico, na tentativa derradeira de blindarem seus principais protagonistas dos processos que ambos enfrentam na justiça, por conta das ilegalidades cometidas, em prejuízo do Estado Democrático de Direito.

Apoiados pelo baronato da grande mídia brasileira, constituíram um verdadeiro estado paralelo, instrumentalizando o Poder Judiciário, buscando se transformar numa jurisdição nacional. Ficou comprovada a existência de uma associação estruturalmente formada e coordenada por agentes públicos, para manipulação fraudulenta do sistema da justiça, objetivando a implementação de um projeto ideológico e político de poder.

A Lava Jato, portanto, se assumiu como partido político, como sempre foi. O ex-juiz não encontrou condições favoráveis para disputar a eleição para a presidência da República e resolveu optar por planos mais modestos, onde encontrou menos dificuldades de obter sucesso. E assim ganhou sobrevida política. Conquistou um “prêmio de consolação”. Candidatar-se a presidente da República era uma aposta de alto risco a que não podia se submeter. Além da possibilidade, para ele muito ruim, de enfrentar Lula num debate. Sabe que não teria competência para enfrentá-lo e seria desmoralizado publicamente. A oratória, nem o correto uso do vernáculo, nunca foi seu forte.

Em termos ideológicos, o ex-magistrado e o procurador Dallagnol, líderes da república de Curitiba, estão inteiramente alinhados ao bolsonarismo, integrando a extrema direita brasileira. A atuação deles no Senado e na Câmara Federal, respectivamente, continua sendo a do anti-lulismo radical, que adotaram no conluio articulado durante o processo da Lava Jato. A imagem de paladino da Justiça do ex-magistrado, sofreu graves danos após ser reconhecido como um juiz incompetente e parcial pelo Supremo Tribunal Federal. Ambos experimentaram da ascenção meteórica à desmoralização.

Hoje a noite a democracia brasileira conquistou nova vitória. O TSE cassou, por unanimidade, o mandato do deputado federal Daltan Dallagnol.

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