A nordestinofobia

Navegando, ou mais apropriadamente, naufragando pelos desvãos da internet, ou das “redes sociais”, deparei-me com comentários bastante desabonadores acerca dos nordestinos, ou mais precisamente da “Raça Nordestina”, que alguém, supostamente de São Paulo, veio a divulgar. A princípio acho interessante, achava mesmo que esses nos teriam como sub-raça, ser raça, mas assim alguma coisa já é reconhecida.

Então vamos fazer digressões sobre esse tema comparando a Raça Nordestina (mais precisamente a “sub-raça” (aspas minhas) sertaneja e a Raça Paulistana.

Primeiro, um comentário extremamente interessante emitido por um dos maiores intelectuais que tive o prazer de conhecer, Odilon Ribeiro Coutinho, ele oriundo do nosso litoral, que dizia que nós sertanejos éramos os que vindo para trabalhar na lavoura de cana de açúcar, preferiu, adentrar pelo sertão em condições extremamente precárias, e arriscando a vida a se submeter ao jugo da civilização escravocrata do litoral, compravam, alguns animais e se embrenhavam” sertão adentro, ou seja preferiam o risco e a adversidade, a ser tratado como de modo semelhante a escravo no litoral. Anos antes, Euclides emitiu a famosa frase, talvez um pouco exagerada, de “O sertanejo é antes de tudo um forte”, agradecemos ao autor de Os Sertões esta citação elogiosa, que nem sempre chegamos a merecer.

O que somos, e todos os brasileiros, é gente que afora os indígenas; por algum motivo, seja famílias grandes, ou hiposuficiência, guerras, crimes, pecados (esses os tais “degredados”) partiram, nem sempre voluntariamente, para se aventurar no outro lado do oceano, tanto no Sudeste, quanto no Nordeste. Não há nada que se diferencie a ponto de “formar outra raça”, seja origem, cor, gênero – uma piada diz que um sujeito afirmou: “no Rio Grande do Sul só tem macho!! No que foi respondido no Nordeste é metade macho e metade fêmea…

Agora vou fazer algumas generalizações sobre a colonização da terras paulistanas, e seus habitantes:  O primeiro, ou quase , pois a Capitania de São Vicente foi considerada uma das que prosperou, mas muito aquém de Pernambuco, a que os holandeses Chamavam de Zuikerland (a terra do açúcar), e posteriormente invadiram-na. Se fosse mais vantajoso, invadiriam a Capitania sulista.

Mas o primeiro título de São Paulo seria a Terra dos Bandeirantes, mas que bandeirantes? Os que fracassaram, pois os que encontraram ouro, ficaram tomando conta de suas minas e viraram mineiros…

Depois a onda dos imigrantes, mas que imigrantes? Os alemães, suecos, ingleses, enfim, o lado rico e educado da Europa, preferiu a América do Norte, sobrando para o Brasil, aqueles que não puderam, ou que conseguiram passagens baratas ou “na póiva’, custeado pelo governo brasileiro, o mais celebrado imigrante paulista, o Conde Matarazzo, veio de um vilarejo da Calábria, a máfia siciliana não se instalou aqui, talvez porque os sicilianos, que na América do Norte tinham coragem e valor e capacidade de organização, os que vieram para São Paulo, nada disso tinham. Resumindo: O que veio, foi a escória da Europa…

Depois a onda japonesa, composta de agricultores pobres e como também soubemos, muitos desses os primogênitos, que segundo os costumes da Terra do Sol Nascente, deveriam cuidar de seus pais, e fugiram para não cumprirem sua obrigação (os japoneses maus filhos).

Mesmo os Nordestinos que emigraram para a terra paulistana, não eram os bem sucedidos, eram os fracassados ou derrotados nas disputas políticas ou nas vias de fato, sobreviveram e ficaram (sou um exemplo disso – os paióis do Major Galdino eram enormes). Um exemplo: os Morais foram derrotados e expulsos de Pernambuco por Agamenon Magalhães, e formaram nas terras paulistanas o Grupo Votorantim. Se tivessem ganho, teriam ficado no Leão do Norte. Estes e sua descendência, formam hoje a elite paulistana.

Resumindo: A grande diferença entre o São Paulo rico e o Nordeste miserável, é o que lá sempre chove, e quando para um pouquinho, como no ano passado, se vê falta d’água e carros pipa, exatamente como nesse Nordeste subdesenvolvido, e ainda tem algumas diferenças: o Metrô de São Paulo custava por quilômetro o dobro do Eurotúnel (Orestes Quércia – que queriam nos impingir para presidente – arghh), se é que pode se motivo de orgulho, os paulistas podem se gabar de ter um corrupto de fama internacional: Paulo Maluf, tão paulistano quanto a garoa, que por molhar a terra e fazer as lavouras produzirem, seria responsável pela diferença no desenvolvimento, lá, você planta e colhe, aqui, se não perder a planta, pode Haver uma falta de chuva que se perde 50 – 70 % da lavoura, isso para vender o mesmo produto com muito mais trabalho, aí fica anti econômico.

De outra forma, em termos de genética, me parece carecer de fundamento essa “Eugenia Paulistana”, agora quando e se nos derem vez, podemos produzir grandes feitos, tanto para bem quanto para mal, inclusive poder gerar algum grande corrupto como São Paulo presenteia o Brasil. Que vergonha!!!

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