A guerra religiosa é um equívoco político

Não sou maçom, nem jamais tive interesse em participar dessa sociedade. Tive e tenho parentes e amigos que fizeram ou fazem parte dela. Não me sinto autorizado a falar algo em defesa ou ataque aos que a integram, até porque não tenho conhecimento aprofundado sobre a questão. Porém, não concordo com a exploração de cunho político sobre eventuais participações do atual presidente em eventos da maçonaria. Acho uma estratégia equivocada o envolvimento nessa “guerra santa” com objetivos eleitoreiros.

Assim como, igualmente, censuro a forma discriminatória com que alguns agridem os que professam religiões de matriz africana. O fato de alguém frequentar sociedades secretas ou outros cultos religiosos que não sejam cristãos, em nada influencia no conceito que faço de postulantes a cargos eletivos. Isso não pode se transformar em pano de fundo dessa disputa eleitoral, fugindo do debate mais focado nas demandas da sociedade brasileira.

Na minha compreensão a esquerda não deve entrar nesse jogo da guerra religiosa. Não deve usar das mesmas armas que a extrema direita vem usando. Na verdade o ideal é que não se misturasse religião e política. E as campanhas fossem pautadas na apresentação de ideias e propostas voltadas a atender às necessidades da população. Esse confronto sequer deveria fazer parte do debate político institucional. Afinal de contas o Estado é laico, conforme definido em nossa Constituição. Construamos um ambiente saudável de diversidade religiosa.

Essa “guerra religiosa” só interessa às “milícias digitais”, interessadas, exclusivamente, em destruir reputações. Não há limites para elas. O campo progressista não pode se deixar contaminar por essa maneira odiosa de fazer política, produzindo maldades. O foco nesse processo eleitoral tem de ser a reconstrução da nossa democracia. É o que penso.

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