A família Moreira

Caros Leitores. No último sábado houve o lançamento do livro de meu amigo de muitos anos Moreira Lustosa sobre sua família, os Moreiras, uma família sertaneja, em cinco volumes, e eu que ainda nem comecei a ler, com medo de ler e fazer uma crítica e perder muitos amigos, pois minha maior aptidão é fazer críticas não muito elogiosas, vou comentar sobre essa família tão numerosa que se adaptou de forma extraordinária a nossa região, vejam bem, não sou historiador, apenas uma pessoa que leu, e muito sobre as nossas origens, e vejo traço paralelos sobre minhas famílias e os Moreiras, que provavelmente não devo pertencer, mas ninguém é perfeito.

O sucesso de Portugal que a fez nos tempos de Dom Manuel, cognominado de “o Venturoso”, e seus antecessores uma grande potência econômica, muito se deve ao aporte de capital proveniente dos povos semíticos que habitavam seu reino, e ele, para não desobedecer à Igreja, sem perseguir seus financiadores, em 1498 promulgou um decreto, uma lei, sei lá, afirmando que não existiam judeus em Portugal, então, sobraram duas opções: ou o judeu emigrava ou se batizava e tornava-se “cristão novo”, o que fez a grande maioria dos judeus portugueses; na Espanha, vieram Tomaz de Torquemada e as fogueiras da Inquisição, pois o dinheiro arrecadado ia para a coroa, então, esses judeus cristianizados adotavam nomes de árvores, animais ou objetos, no caso dos moreiras, na minha humilde opinião, da árvore amoreira, que vive nela o bicho da seda, mas tudo isso é apenas uma especulação minha, e vamos em frente.

Com a decadência do Império português, vieram de tempos em tempos denúncias que esses cristãos novos estavam praticando sua religião original em casa, e eram perseguidos, e lhes eram tomados os bens, e uma forma bastante segura de evitar isso, era emigrar para o Brasil, minha família paterna, os Pires, emigraram dessa forma, e aqui mantinham os costumes de lá, aprendiam a ler e escrever em casa, viviam uns perto dos outros, e eram de hábitos moderados. Estima-se que 1/3 dos europeus que vieram para o Brasil eram de origem semítica.

Como nosso sertão é uma região de escassez, a família Moreira, com suas características, que os sertanejos acham de mesquinhez, fazer economia, e usar da parcimônia eu chamo de virtude, aqui, fazendo uma comparação o leque de oportunidades não se abre, como noutras regiões, e outros países, e ainda tem as secas, os mais econômicos conseguem sobreviver, os esbanjadores fracassam, meu avô, Major Galdino, ficou muito rico, mas tinha a fama de ser “amarrado”, os esbanjadores fracassam; Isso é uma causa de existirem tantos Moreiras sobrevivendo na nossa região, enquanto outras famílias não conseguiram se adaptar.

De qualquer maneira louvo o trabalho exaustivo de meu grande amigo Moreira Lustosa, e sua quase obsessão de escrever a história de sua família. Um feito a ser celebrado, como o foi no último dia 30. Parabéns, amigo. Invejo sua persistência.

P.S. – Dedico essas linhas a Mariana Moreira Neto, colega da ACAL, e membro proeminente da família homenageada, que está aniversariando.

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