A cleptocracia e a solução adequada

Nossa precocemente envelhecida democracia. Já nasceu velha, pois com a morte de Tancredo Neves, quem assumiu foi Sarney, A.C.M. e com as eleições vieram Collor, Renan Calheiros, e a maioria dos “mesmos” que se quis derrubar até hoje continuam a mandar, ou com mais propriedade, desmandar no nosso “País do Futuro”, em que esse teima em não chegar. O PT, brasileiro como é, não podia, por mais que no passado negasse a vir a desfrutar dessa, assim que tivesse oportunidade, como o fez.

Agora tem a cruzada contra a corrupção, o que não tem nada de novidade, a corrupção está entranhada em nossa cultura de maneira a se tornar parte de nossa nacionalidade, a gente não nasce, mas convive com a corrupção desde a infância, que sem perceber, ela é parte importante de nossa vida nacional, pode se dizer que a corrupção embalou nossos berços.

Hoje qualquer menino normal pega uma borracha na livraria, subtrai uma barra de chocolate da vendinha, rouba frutas de quintais alheios, e quando mais crescidos, dirige sem habilitação em excesso de velocidade, e outras ilegalidades maiores, totalmente aceitas pelos pais, que por sua vez já o fizeram quando eram mais jovens. A nossa sociedade é extremamente indulgente com tais pequenos delitos, em que esses jovens serão os que podem, aperfeiçoadas tais habilidades, praticar delitos maiores, como o mensalão, petrolão, etc.

Eu mesmo, somente me senti adulto quando falsifiquei minha carteira de estudante para poder entrar em filme “até dezoito”. Me lembro que a primeira vez que funcionou, vi um faroeste e assim que entrei no cinema vi uma atriz com os seios à mostra, que compensou e muito, as horas e mesmo dias que passei para conseguir essa falsificação bem sucedida (já tinha rasurado umas duas carteiras). Hoje deve ser diferente, mas os jovens da era digital, devem fazer coisas muito semelhantes.

Me lembro que quando bem jovem, eu estava num ônibus urbano acompanhado por minha mãe, e eu mascava um chiclete, e quando acabou o doce, eu colei o resto da goma de mascar na parte inferior do banco do ônibus; fui flagrado. E me saí com essa: Mas o Brasil não é um pais subdesenvolvido? A gente tem que encarar esse estado e praticar atos de subdesenvolvimento. Minha mãe tirou o último cigarro da carteira, fez uma bolinha, olhou para os lados, jogou pela janela do ônibus, e falou: “E eu já dei minha contribuição”. Tenho que afirmar que meus pais nunca foram delinqüentes, nem jamais passaram um segundo sequer numa delegacia, mas essas ninharias podem atestar que em maior ou menor medida, nossa sociedade com um todo é extremamente indulgente com pequeno e também se acostumou até com os grandes atos de ilegalidade.

Esses e outros grandes escândalos, começaram pequenos, e foram se tornando cada vez maiores, até que por algum motivo (até o acaso) foram sendo revelados,e convenientemente apresentados pela mídia (que por sua vez não é flor que se cheire), apresentou, e deu o destaque que merece.  Agora se a gente fizer uma auto-analise, a comoção pode ter sido mais por não podermos participar desse mar de lama. O que verdadeiramente queríamos era que essa bolada desviada viesse para “nosso porão”e a gente fica a vociferar mais pela nossa falta de competência ou de oportunidade.

Assim, como já o explicitei, como não podemos acabar com a corrupção, podemos democratiza-la, e cada cidadão ter direito “À corrupção nossa de cada dia”, que poderia ser tirada parte, dessa corrupção, naturalmente tornada legal, e fazer um programa social, que aproveitando a criatividade de nossa Polícia Federal ao dar nomes à operações, bem que poderia se chamar de “Bolsa Pixuleco” ou “Corrupção Cidadã”, e essa dinheirama, ser dividida com a parte da sociedade que não foi aquinhoada com esses recursos. Não sei a mecânica, mas tenho a impressão que a adesão a se contribuir com tal Programa Social vai ser muito maior que se pode pensar.

Ainda ouso, a propor uma contrapartida para a inclusão desse programa: Levar a família para assistir a aulas de educação anti-corrupção, tipo, não dar bola a guarda, não comprar fiscal, não filar na prova e outras matérias semelhantes que fariam que a gente pudesse superar esse vício histórico. Seria a saída mais adequada, esperta, brasileira, criativa.

O país da malandragem deve ter soluções igualmente heterodoxas, podemos ser exemplo para outros países, com Guatemala, Botswana e outras potências da corrupção.

Aceitam-se outras soluções.

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