A cidade conflagrada e seus desdobramentos

Toda Cajazeiras, ou quem acompanhou os recentes acontecimentos, ficou estremecida com o brutal assassinato, o enterro, e as demais manifestações referentes a Marcos Pereira, mais conhecido por Marcos Aleijado.

Eu o conhecia e a sua esposa Geraldinha, muito superficialmente, e ainda acahava que eles moravam na Av. Vitória Bezerra, tendo o visitado uma ou duas vezes, a última quando ele foi libertado de uma das suas muitas vezes em que foi preso, e até como advogado, nunca perguntei acerca de sua situação jurídica, mas pelo aparato a sua volta, achava que ele devia ser defendido por muito bons advogados criminalistas. Me surpreendeu, assim como toda a cidade, sua morte e as circunstâncias dela, a brutalidade, a ousadia dos executores, enfim tudo.

Agora o que mais me surpreendeu foram as manifestações, o enterro, e principalmente as mensagens postadas nas redes sociais, seria como se aqui fosse o Rio de janeiro, ou outra capital, onde em determinados lugares (o “Complexo do Alemão”, por exemplo) o submundo tem uma força extraordinária e se cria uma espécie de estado paralelo, ditando suas leis, as vinditas que não acabam, a tomada de morros por facções criminosas, que o mundo assistiu pela televisão a fuga em massa da desocupação daquelas áreas cariocas pelo exército, o enterro de Marcos Aleijado foi um dos maiores registrados em nossa cidade em tempos recentes, e os que o acompanharam (pode se ver nas filmagens), ficavam, ao lado de lamentar o morto, prometer vingança, até extensiva à população.

Nas redes sociais; que a gente não pode acreditar em tudo que é postado lá, que existem os aproveitadores de momentos como esse para criar pânico nos mais crédulos, quem via o que lá era postado, achava que nossa cidade estava como em guerra, que se ia barbarizar e fazer como uma vingança indiscriminada, o que graças a deus não era (e nem podia ser) verdade. Para quem viveu a década de vinte (ou seja, quem tem cem anos de idade), pareceria o anuncio de um “ataque de cangaceiros”, somente que turbinada pela internet, mas a não ser em fatos pontuais e exagerados pela mídia, nada disso se confirmou, Agora alguém de fora que chegou a nossa cidade nesse tempo, teria uma impressão horrível, que depõe mal contra nós.

Mas na realidade a coisa não era tão grave, e nossa cidade vai voltando aquela normalidade aparente que já nos acostumamos. A não ser a prisão do restante do alegado grupo criminoso do extinto, Em que se prendeu ao lado do diretor da cadeia de catolé do Rocha ( se verdadeira a acusação, justíssima), até a viúva do assassinado, que depois de perder o marido, perde agora a liberdade, e mais gente. Não tenho condições de avaliar o mérito dessas prisões.

Agora meu receio, seria que ao se tirar de circulação (e em certo modo da vida), alguns sujeitos; se estes desaparecerem, vão ser repostos esses quadros (pois o consumo de drogas vai continuar) e esses substituídos por uma geração mais violenta, como acontece em Sousa (que paga a tardia criação do 14º BP, e a tropa insuficiente),e com mais propriedade em Patos, em que a polícia tem grande dificuldade de acessar alguns locais, em que são recebidos à bala. Rei morto, rei posto, que este pode ser mais cruel.

Apenas algo me tranqüilizou: Depois do enterro havia uma faixa preta com os dizeres: “Fora Cunha”, se referia a Eduardo Cunha, e não a Enéias Cunha, comandante do VI BP, que tem feito um trabalho, que dentro de suas limitações, deve ser elogiado.

P.S. – Mas nem tudo são más notícias. Dentro de outro contexto, a Câmara Municipal promoveu uma sessão Solene em alusão a Semana da Consciência Negra, no Ilê Axé Runto Rumboci, o barracão (enorme) de Candomblé zelado por Jackson Ricarte, com a muito tardia concessão ao nosso babalorixá do título de Cidadão Cajazeirense, na mais colorida sessão que nosso legislativo realizou nos últimos tempos. Mas sou torcida, e não vou me alongar a elogiar meus amigos. Especialmente e um dos meus melhores. Mas registro.

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