Zé Morais, bravo sertanejo

JOSÉ EMÍLIO DE MORAIS
* Distrito de Bandarra, São João do Rio do Peixe (PB), 23/05/1946
+ Cajazeiras (PB), 22/10/2020

Nascido no dia 23 de maio de 1946, no Sítio Bandarra, na região de São João do Rio do Peixe, José Emílio de Morais, quando criança, enfrentou dificuldades; órfão de mãe, foi criado seguindo apenas os conselhos do pai.

Quinto filho do casal Emílio José de Morais (Mestre Milô), natural de Uiraúna, e Maria José de Sousa, natural da Bandarra, desde os oito anos já trazia em seu sangue o dom de criar poesias e escrever versos de improviso sobre tudo o que via e sentia, ressaltando algumas coisas fenomenais, como o canto dos pássaros, a chuva, o barulho das cachoeiras e tantas realidades que admirava na natureza.

Tudo servia de inspiração para os seus versos. Cresceu ouvindo o aboio dos vaqueiros, os coquistas, cantadores e repentistas, o que o incentivou a comprar sua primeira viola, em 1963. Fez sua primeira cantoria na residência de Ananias Lucas, no Sítio Bandarra, onde nasceu. Seu parceiro se chamava Geraldo Limeira. Ambos realizaram suas primeiras excursões nas fazendas e cidades vizinhas.

Trabalhou no escritório das Casas Pernambucanas e no Censo Demográfico e Agrícola do IBGE, de 1970 a 1975. Firmou-se como profissional repentista em 1974, fazendo o primeiro programa na Rádio Arapuan, em João Pessoa, em 1975. Assumiu, em Cajazeiras, na Rádio Difusora, o programa “Violas e Trovadores”. Também apresentou programa na Rádio Progresso, de Sousa, chamado “O Entardecer no Sertão”. Atualmente fazia cantorias e era um dos titulares do programa “Nordeste ao Som da Viola”, pela Rádio Alto Piranhas, das 11h30 ao meio-dia, que desfruta de uma grande audiência em toda a região.

Zé Morais também foi vereador em São João do Rio do Peixe, assumindo o mandato por dois anos. Casado com Josefa Maria de Lima, deixou uma filha: Glícia Maria Lima de Morais.

O repentista havia lançado, recentemente, um livro onde conta sua história de vida, família e sobre a região da Bandarra, onde nasceu, ilustrado com várias fotografias. O livro também traz poesias, canções e cordel. O trabalho recebeu o título “Aconteceu” e foi lançado no Sítio Cachoeira das Moças, na residência de José Deó, no município de São João do Rio do Peixe.

Gigante da cultura nordestina

Zé Morais era um dos maiores poetas repentistas do Nordeste. Nascido no distrito de Bandarra, na zona rural de São João do Rio do Peixe, no Sertão paraibano, ele dedicou mais de 40 anos da sua vida à viola, à poesia de cordel e ao repente. No seu currículo destacam-se CD’s, livros, programas de rádio e festivais em vários estados.

Na Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras, apresentou o programa “Nordeste ao Som da Viola” por mais de 15 anos. Também apresentou programa na cidade de Sousa e foi um dos primeiros violeiros a comandar programa de rádio no Sertão paraibano. Participou de mais de 30 festivais em todo o Brasil e em 2018 publicou seu segundo livro, ‘Bravos Sertanejos’.

Zé Morais faleceu na tarde da quinta-feira (22), aos 74 anos, um dos mais longevos e respeitados poetas da cultura paraibana. Cajazeiras perde um poeta, escritor e grande nome da cultura popular.

De acordo com informações da sua companheira, Zé Morais faleceu em casa, no Bairro das Capoeiras, em Cajazeiras, por voltas das 15h, e a suspeita é de infarto.

Nos últimos dias, Zé Morais apresentou pressão alta e foi diagnosticado com pneumonia. Ele estava sendo medicado em casa após consultar um médico.

Por causa dos sintomas de pneumonia, havia também a suspeita de Covid-19. Mas ele fez teste em laboratório e o resultado deu negativo.

Com participações de cantadores, líderes religiosos, amigos e familiares, o corpo do poeta Zé Morais foi sepultado no Distrito de Bandarra, na zona rural de São João do Rio do Peixe, local onde ele nasceu.

COM INFORMAÇÕES DO GAZETA DO ALTO PIRANHAS E DO DIÁRIO DO SERTÃO

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