Indigente

VALIOMAR ROLIM

Donato não conseguia entender o comportamento daquela família. Para uma pessoa como ele, psiquiatra por formação, com trabalho fundamentado no comportamento humano, custava a assimilar aquela reação de quase revolta.

Lembrava do prazer que teve ao ser chamado à mansão do colega. Dera tudo que seus conhecimentos e educação permitiam ao atender à sogra do companheiro e parente afim, recordava. Não acreditava que a resposta era alavancada pelo fato de que o chefe da família, alem de ser médico, era político de destaque no estado. Sabia sim, isso ele sabia, que nada fizera para provocar aquele estado de hostilidade.

Estava tudo tão bem, todos tão solícitos, já ouvia o tinido dos copos e do gelo para os lados da copa, sentia-se no ar que preparava-se, en petit comitè, uma pequena festa para ele ao final da consulta.

Vasculhava a mente a procurar o real motivo da mudança de humores. Parecia uma tempestade em plena calmaria. Rostos que eram só sorrisos configuraram-se em carrancas. E o ambiente quase festivo transformou-se num quase velório.

VALIOMAR ROLIM, MÉDICO E EMPRESÁRIO

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