Dirceu Marques, o patriarca

DIRCEU MARQUES GALVÃO

* Bonito de Santa Fé (PB), 18/05/1918
+ Cajazeiras (PB), 25/05/1972

Dirceu Marques Galvão nasceu em Bonito de Santa Fé, no dia 18 de maio de 1918, e, se estivesse em nosso convívio, completaria o seu centenário neste dia 18 de maio de 2018.

Filho de Manuel Marques Galvão – Seu Nezinho – e Alexandrina Costa Romeu, Dirceu tinha quatro irmãs (Ceci, Neci, Dercy e Nanci). Nascido em família pobre, sem poder se afastar da labuta, o seu grande sonho era simplesmente poder estudar. Este desejo se acentuou ainda mais quando, em Bonito de Santa Fé, conheceu um engenheiro que ali estava trabalhando na construção de uma estrada. O pequeno Dirceu fez amizade com o profissional da engenharia e todos os dias cumpria a rotina de vê-Io em seu trabalho. Foi aí que ele se descobriu fascinado pela construção civil.

O engenheiro ficou encantado com o pequeno, pois não se tratava apenas de mais um garoto curioso. Ele demonstrara ter inteligência e discernimento. O engenheiro, percebendo que Dirceu merecia trilhar outro caminho em sua vida, pediu a permissão aos pais dele para levá-lo a Fortaleza (CE) e o colocar para estudar. Infelizmente, foi-lhe negada essa chance. Realmente, o menino era muito inteligente e precisava estudar, mas os pais não admitiam que saísse de sua cidade. Aquela oportunidade de mudar de vida fora perdida.

No final dos anos 30, a família veio morar em Cajazeiras e, a princípio, tudo correu bem, já que a avó do pequeno Dirceu, Dona Ana Marques Galvão, esposa do seu avô, Major José Marques Galvão, dava apoio e carinho a todos, e, em especial, àquela criança esperta e alegre. Infelizmente, com o seu falecimento, tudo mudou. O pai de Dirceu – Nezinho – sentiu demais a morte da mãe, o que lhe abalou até a saúde. 

A vida de criança de Dirceu Galvão foi marcada pela vontade de estudar e uma oportunidade perdida para realizar o seu sonho, no que foi impedido pelo pai. E não era por maldade. Desde muito cedo, teve que trabalhar e a sua frequência em qualquer escola era forçada. Aproveitava que o pai dormia cedo e escapulia pela janela na tentativa incessante de se educar, formalmente. Para o seu pai, primeiro tinha de trabalhar. A escola não era sua predileção. Por isto mesmo, começou a sua vida de inúmeros trabalhos vendendo pirulitos, que sua mãe, Dona Alexandrina, fazia em casa.

Ao completar 15 anos, o nosso avô disse a Dirceu, convictamente: “a partir de hoje só come se trabalhar!” E como Dirceu trabalhou! Em busca de melhores condições de sustento para a sua família, ele se deslocava até para o Maranhão, em época de colheita do arroz. Passava alguns meses e, muitas vezes, só trazia para sua família o seu pagamento in natura. Eram sacos de arroz, nada mais que isso!

Naquele momento, Dirceu já estava casado com Marina Feitosa Galvão, a nossa inesquecível matriarca, dona de casa exemplar, mãe amorosa, educadora, laboriosa e companheira de todos os momentos.

Mais antes disso, vale lembrar que os 18 anos de Dirceu foi marcado pelo óbito do seu pai e por uma constrangedora situação: a casa em que residiam foi requisitada em devolução logo depois do seu enterro. A partir daí, a mãe de Dirceu, Dona Alexandrina, passou a sobreviver fazendo costura em ambiente hostil e sob a luz de candeeiro, o que lhe prejudicou, em definitivo, a visão. E para o jovem Dirceu era imprescindível que tivesse uma profissão. Foi então que quis aprender o ofício de alfaiataria. Com a ajuda de um tio, seu padrinho, residente em São João do Rio do Peixe, conseguiu o patrocínio para estudar e aprender a ser alfaiate, ofício que exerceria por vários anos, até se transformar em comerciante, graças à benevolência e gratidão de um grande amigo, Raimundo Ferreira, um dos maiores empreendedores que Cajazeiras já conheceu. Como Dirceu trabalhou ativamente na construção da antiga rodoviária da cidade, obra pioneira resultante da grande visão empresarial do amigo Raimundo, este lhe concedeu a exploração da lanchonete do local.

Daí em diante, abraçou a atividade comercial. Foi proprietário de lanchonete, bar (o Manda Brasa, onde hoje funciona o Bar de Dércio, na Praça João Pessoa) e de diversos bares de clubes (Cajazeiras Tênis Clube, Clube 1° de Maio, Jovem Clube, Bar da AABB). E foi nessa atividade que terminou de criar os filhos e trabalhou até o seu pranteado falecimento em 25 de maio de 1972.

De sua vida de trabalho e sacrifício para criar a família numerosa de nove filhos (Corrinha, Cleudimar, Dircemar, Deusimar, Lucimar, Rubismar, Dirceu Filho, Lirismar e Nilmar) há um traço marcante: o seu empenho insuperável para que se afeiçoassem ao estudo. Exaltava um pensamento simples e direto: a riqueza para ele era uma mesa farta com seus filhos em derredor de travessas e pratos cheios. Além disso – e mais importante! – receitava-nos (como se estivesse expressando aquele seu sonho reprimido) que todos deviam estudar com afinco.

Além de sua vida de comerciante, Dirceu Galvão teve intensa participação em clubes sociais (especialmente, – como Diretor Social e Presidente do Clube 1° de Maio), no futebol cajazeirense e na Maçonaria, mas, infelizmente, terminou com uma saúde frágil, o que levou ao seu óbito numa quinta-feira, em 25 de maio de 1972.

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