Carmelita Gonçalves: mestra, mãe, tia e amiga

CARMELITA GONÇALVES DA SILVA

* Cajazeiras (PB), 22/07/1924

Originária de uma família abastada, Carmelita Gonçalves da Silva nasceu em 22 de julho de 1924, no Sítio Barra do Catolé, município de Cajazeiras (PB), filha de Manoel Gonçalves Dias e Hortência Gonçalves da Silva. Desde criança, tinha interesse de entrar para ordem dos Carmelitas Descalços, mas por fatalidade, após a morte de seu pai, o rumo de sua vida é modificado. Forçada pelas circunstâncias, fica em Cajazeiras, ajudando na criação dos seus irmãos. Nunca se casou, hoje vive em sua casa e também no seu Colégio na companhia de seus familiares.

Ao concluir o Curso Normal, em 1943, no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, inicia suas atividades lecionando de casa em casa e em seguida na residência da sua família. Funda, nesse mesmo ano, a Escola Nossa Senhora do Carmo, que passa a Colégio no ano de 1986. Depois de vários anos, a escola passou a funcionar no prédio da Ação Católica, quando em 1964 mudou-se para o Colégio Monsenhor Constantino Vieira. Em fins da década de 1960, passou a funcionar na rua Germiniano de Sousa, onde funciona até hoje. Assim, desde 1943 até os dias atuais, Carmelita Gonçalves está a frente da educação desenvolvida no Colégio Nossa Senhora do Carmo, com funções distintas, a saber: professora de língua portuguesa e diretora.

Nesse sentido, pode-se dizer que conseguiu desde cedo ultrapassar os limites impostos à mulher no campo educacional, pois sabe-se que historicamente existe um vínculo e uma certa naturalização do espaço da sala de aula como apropriado para a mulher, o mesmo não acontecendo com o cargo de gestor, que  predominantemente esteve nas mãos dos homens, embora esse quadro venha sofrendo alteração nos tempos mais recentes.

Todavia, deve-se assinalar que a professora Carmelita detinha uma condição favorável a essa ruptura: recursos para abrir sua própria escola. E pelo êxito que sua instituição tem logrado ao longo desses anos, pode-se dizer que detém também as características necessárias a uma boa gestora.

O Colégio Nossa Senhora do Carmo, continua sendo referência na educação cajazeirense, uma vez, que hoje, se alargou o número de escolas e colégios na cidade. Quando o mesmo surgiu os colégios que se destacavam era o Colégio Diocesano de Padre Rolim e o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, na rede privada de Ensino, na rede pública era o Colégio Polivalente, Colégio Estadual e o Colégio Dom Moisés Coelho.

“O que se sabe, é que a característica de evangelizadora da professora Carmelita Gonçalves transcende os muros do Colégio Nossa Senhora do Carmo, uma vez que esta se dedica, também, a um trabalho voluntário na construção de capelas na zona rural de Cajazeiras, além de ser uma das grandes colaboradoras do Seminário Nossa Senhora da Assunção, desde o ano de 1956. Ou seja, ela sempre foi uma grande colaboradora desse Seminário até os dias de hoje. Não gosta de aparecer naquilo que faz em favor dos outros. É uma pessoa muito humilde. A sua casa sempre foi um pequeno seminário, porque ajudava e continua ajudando na formação dos padres e conservação daquele educandário”, diz o professor Dulcílio Elias Ramos.

Quando se trata da dedicação da professora Carmelita ao ensino, o que se pode destacar, entre os primeiros depoimentos que se tem para esse momento do trabalho, é a sua dedicação à educação em Cajazeiras, por meio do processo educacional desenvolvido no Colégio Nossa Senhora do Carmo. A respeito desse reconhecimento, o depoimento do seu amigo Dulcílio Elias Ramos se apresenta oportuno: “O campo da educação é fundamental na vida desta grande educadora, pois é uma apaixonada pelo ensino. Muitas gerações já passaram pelo Colégio Nossa Senhora do Carmo. Muitos dos seus ex-alunos brilham em sua vida profissional por esse Brasil afora. Ela continua firme e forte como Diretora desse seu Colégio que é uma referência em muitas cidades paraibanas, cearenses e riograndenses”, afirma.

Pela firmeza e dedicação em dirigir o Colégio Nossa Senhora do Carmo, é que a biografia da professora Carmelita Gonçalves se consolida como um projeto de fundamental importância na conjuntura educacional da cidade de Cajazeiras. “Ela merece que o futuro de vários futuros saiba o que ela representa. Até hoje, ninguém sabe se ela é mestra, se é mãe, se é tia, se é amiga. Ela faz questão de ser ela mesma e isto é o mais importante, creio”, observa a jornalista Cristina Moura.

FONTE: DÉBIA SUÊNIA DA SILVA SOUSA

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