[2002] Débitos e atraso dos salários expõem crise na Prefeitura

Euforia inicial de realizar obras e serviços acabou dando espaço para o desânimo administrativo

A administração do prefeito Carlos Antônio (PDT), eleita há pouco mais de um ano com maioria de votos jamais obtida por qualquer candidato nesta cidade, 4.427 votos, está, como se diz, passando por um inferno astral.

Aquela euforia inicial de fazer e realizar obras e serviços acabou dando espaço para o desânimo administrativo completo e absoluto.

De tal forma que, nos dias atuais, o que mais se ouve na cidade, são críticas ao prefeito e à sua política, seja administrativa, seja partidária.

O governo que chegou a ter 90% de aceitação popular não faz muito tempo, agora sofre um desgaste enorme por puro descontrole.

É como se o nadador que vinha na frente dos demais tivesse sofrido fortes câimbras, e se afogado.

CRISE NA SAÚDE

Um dos primeiros fatores de crise na administração, segundo a opinião popular, é a forma como está sendo conduzida a política de saúde no município.

A municipalização, de início, até que trouxe bons frutos, mas o fechamento dos hospitais Albert Sabin e Infantil, mostraram um lado perverso desse processo: o mando total e absoluto de quem a comanda, nem sempre, como parece ser o caso de Cajazeiras, com fins eminentemente de saúde pública.

A intransigência dos comandantes da municipalização, o prefeito Carlos Antônio e a secretária de saúde Flávia Serra Galdino, é que não está dando certo. Debita-se a ela o fechamento dos hospital há pouco referidos, em detrimento ao atendimento dos pacientes, que, agora, só têm o Hospital Regional como abrigo.

E levando-se em consideração que este último está em reformas e com número de leitos reduzido praticamente à metade, deduz-se a situação em que se encontra a medicina curativa em nossa cidade: um caos!

CRISE NO FUNCIONALISMO

Outro ponto muito negativo na administração Carlos Antônio foram as decisões tomadas no mês de dezembro quanto ao funcionalismo público.

Sem maiores explicações, o prefeito decidiu exonerar todos os cargos de confiança de 2º e 3º escalões com data retroativa a 1º de dezembro, quando já estávamos próximos ao Natal. Ou seja: esses funcionários trabalharam até próximo ao Natal certos de que teriam o galeto na ceia mas, de repente perderam todas as esperanças por que foram exonerados apesar de terem trabalhado.

Pior do que isso, segundo se comenta nos bastidores da administração municipal, é que esses mesmos servidores de confiança poderão não receber nem mesmo o mês de janeiro, já que até agora não foram reempossados.

Mas não foram apenas os cargos de confiança que tomaram na cabeça neste fim de 2001 e início de 2002. Os funcionários efetivos também foram surpreendidos. Diferente do que foi amplamente anunciado, os mesmos não receberam o mês de dezembro mais o 13º salário. Receberam apenas o 13º salário e, até agora o salário de dezembro ainda não foi pago.

O que se pergunta na cidade é onde foi para o 1/12 (um doze avos) mensal que o prefeito e o então secretário da fazenda pública diziam que estavam recolhendo da receita municipal para no final do ano viabilizar os pagamentos dos dois salários sem qualquer problema?

CRISE GERAL

Mas não pensem só que a saúde e o funcionalismo na Prefeitura estão em crise. A Prefeitura está em crise!

Os comentários de alguns cargos de confiança é de que o rombo financeiro na administração Carlos Antônio, só neste primeiro ano, é de R$ 2 milhões. Somente de combustíveis a Prefeitura estava devendo R$ 150 mil. O que inclusive levou a uma paralisação dos principais serviços das máquinas da edilidade.

Dizem, aliás, que a alta conta de combustíveis deve-se ao uso abusivo e até então não sabido pela sociedade, por parte de alguns secretários municipais e até parente do chefe do executivo. “O gasto de combustíveis na secretaria de saúde, era uma loucura”, resumiu um funcionário da Prefeitura.

A crise, inclusive, disse esse mesmo funcionário, levou o Prefeito a suspender a locação de quatro carros a dois empresários amigos seus.

Comenta-se, por fim, que como forma de tentar aprumar o barco à deriva, o sr. Etiene, contador da Prefeitura, teria sugerido ao Prefeito cajazeirense suspender todo e qualquer gasto que não fosse pagamento de salários, durante três meses. “Só assim podemos sair do buraco” teria dito o contador ao Prefeito.

GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ANO IV – Nº 160 – 11 A 17 DE JANEIRO DE 2002

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