Eterno Rei do Baião

CHAMEM O SÍNDICO

Tá meio complicado trafegar pela travessa Francisco Bezerra e pela rua Tenente Sabino, no centro da cidade. Uma reforma residencial na referida travessa faz com que caçambas e caminhões interditem a via pública por boa parte do dia: nem bicicleta consegue passar por ali. Já o trecho da Tenente Sabino que não tem calçadão virou depósito de entulho. É uma beleza fazer construção civil nesta terra.

ELES ESTÃO CHEGANDO

Era só o que faltava. Além de ter sido passeio público para dinossauros há milhões de anos, a cidade de Sousa poderá transformar-se em campo de pouso de extraterrestres. É isso mesmo: além de dinossauros (alguns políticos) tem ET’s em Soua. Mas já há quem diga que as “luzes brilhantes” que o cidadão viu ao acordar – dentro do seu veículo e à noite – foi de algum mototaxista curioso…

QUANDO NÃO É OITO É OITENTA

Nunca tem um show que preste em Cajazeiras. Agora, que o cantor Agnaldo Timóteo vem apresentar-se na AABB local, os produtores do evento – Gutemberg Cardoso (Mídia XXI) e Léa Silva (Léa Silva) – já especulam outros nomes para datas futuras. Uma pesquisa sugere os nomes de Adilson Ramos, Jair Rodrigues, Noite Ilustrada, Ângelo Máximo e Cauby Peixoto. Voto em Cauby e Jair.

OBSERVATÓRIO

Daqui há 80 anos quando me perguntarem (vou viver muito, economizem as pragas…) onde eu estava no dia 2 de agosto de 1989, não terei a menor dificuldade em responder: estava perambulando pelos corredores do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, na Universidade Estadual da Paraíba em Campina Grande, onde estudava, quando um colega chega com a notícia que me deixou estupefato: “Ei!, Cajazeiras, Luiz Gonzaga morreu.” A princípio não acreditei; achava que fosse de mais uma das inúmeras brincadeiras do colega Zé Dantas (!!!). Não era. Logo depois os noticiários radiofônicos e televisivos davam total cobertura ao evento, atraindo a atenção de todas as pessoas, sertanejos principalmente. O Rei havia morrido. Vida longa ao Rei do Baião. Inventou ritmos, ditou moda, fez escola. Uma unanimidade. Ímpar. Magnífico. Na minha cedeteca estão abrigados os grandes clássicos do velho Lua. Na minha biblioteca, a biografia do grande artista.

Há pouco tempo havia se apresentado em Campina Grande, num show em que vários súditos-artistas foram lhe prestar homenagens. Não pude ir. Como todo bom estudante estava lisinho da silva. Mas acompanhei heroicamente pelo rádio.

Minha última lembrança “ao vivo” do Rei do Baião é da (claro) praça João Pessoa, em Cajazeiras. Mais precisamente na convergência da praça com a rua Padre José Tomaz. Não lembro precisamente o evento; não sei se era algum comício ou se mais uma das inúmeras excursões que Gonzaga fazia para as bicicletas Monark. Só sei que a praça estava repleta de pessoas. Como qualquer garoto pedi pra subir no caminhão e ‘apresentei’ meu passe: “Sou sobrinho de Dr. Quirino”. Palavras mágicas à época. O guarda me deixou subir e – maravilha das maravilhas – fiquei num cantinho perto da boléia e ao lado do Rei, que estava sentado num tamborete, trajando sua vestimenta clássica: roupa branca, chapéu de couro e a inseparável sanfona. Num dado momento, sinto aquele cutucão nas costas, acompanhado da voz grossa, firme: “‘Fasta’ do meio, menino, que eu também quero ver o cantor”. Naquele instante um outro sanfoneiro estava se apresentando, no que hoje convencionou-se dizer que fulano abriu o show de sicrano. Eterna lembrança.

Hoje, lamento o descaso da mídia para com o grande artista. 10 anos após a sua morte são poucas as emissoras que tocam as suas músicas. Na Difusora, o forrozeiro Tatico poderia tocar um pouco mais os seus clássicos; na Alto Piranhas, Cláudio José dedica precioso espaço no seu programa; na Família FM, aqui e acolá a gente escuta um sucesso. Nas demais, uma lástima.

Na foto acima, um registro do Gonzagão em Cajazeiras participando de um banquete oferecido pelo casal Deusdedith e Jacinta Leitão, pelos idos de 1982. Tentei localizar uma foto do Rei “em ação”, mais precisamente aboletado num caminhão. Não consegui, fica pra outra oportunidade.

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ED. 31 (1º A 07/08/1999)

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