“Chumbinho x Lagartixa”: clássico no Sertão da Paraíba é acirrado por figuras emblemáticas do rádio

No coração do Alto Sertão da Paraíba, onde o conhecido sol escaldante abraça a rica caatinga, um espetáculo transcende as quatro linhas do futebol. Conhecido como o Clássico do SertãoAtlético de Cajazeiras x Sousa não é somente um jogo de futebol; mas, sim, uma fábula rica e imprescindível para o esporte paraibano. Dentro e fora de campo, as paixões de atleticanos e sousenses se fundem com essa singular rivalidade, que pulsa em cada novo encontro entre Trovão Azul Dinossauro.

Atlético: alcunha icônica e torcida fiel

Ainda que tenha enfrentado oscilações em parte de sua jornada no futebol, o Atlético de Cajazeiras, que foi fundado em 3 de julho de 1948, e que manda suas partidas no Estádio Perpetão, detém uma das torcidas mais apaixonadas de toda a Paraíba e carrega consigo páginas escritas por meio de imponentes conquistas e superações dentro e fora das quatro linhas.

Com feitos notáveis ao longo de toda a sua história, como a marcante vitória diante do Sousa no 1º turno do Campeonato Paraibano de 2003, em pleno Estádio Marizão, o Trovão Azul mantém uma série de momentos icônicos que ecoam nos corações dos torcedores, que carregam o clube com orgulho no peito. Um ano antes, inclusive, a equipe cajazeirense foi a grande campeã do estado.

Ivanoé; Jonas, Fabão, Brito e Jiqueta; Yarley, Wagner, Batista, Lamar e Dover; Paulinho Guerreiro. Este foi o Atlético Cajazeirense de Desportos de 2003, considerado por muitos como o melhor time que já defendeu as cores do Trovão Azul em todos os tempos.

Sousa: imponência e sucesso veloz

Consolidado como uma das principais forças futebolísticas em território paraibano, o Dinossauro é uma potência indiscutível. Desde a sua fundação, em 10 de julho de 1991, o Sousa já demonstrava robustez. Em 1994, com apenas três anos de existência no esporte, a equipe já vencia o Campeonato Paraibano, ao superar justamente o seu maior rival na competição, que é o Atlético de Cajazeiras.

O plantel campeão paraibano de 1994 do Sousa Esporte Clube ficou gravado na memória dos torcedores sousenses como um dos melhores times a passar pelo Sertão da Paraíba: Ednaldo; Gilmar, Júlio César, Wellington e Neemias; Fael, Juninho e Inha; Caçote, Elder e Dover.

O marco histórico assinalava um fato importante: a agremiação sousense não ingressaria no futebol paraibano simplesmente para ser um mero figurante. A chegada ao olimpo do estado diante da agremiação de Cajazeiras foi a primeira de uma equipe sertaneja, distante dos centros Campina Grande e João Pessoa.

Torcedores símbolos do Trovão e do Dino

Nesse cenário de tanta rivalidade entre os clubes, duas figuras simbólicas marcam o confronto: Jorge Abrantes, importante radialista e fanático torcedor do Sousa, e Reudesman Lopes, guardião da memória do futebol cajazeirense e do Atlético de Cajazeiras. Em um encontro exclusivo ao Globo Esporte, eles ficaram frente a frente e reviraram as páginas douradas do Clássico do Sertão, relembrando a rivalidade histórica.

De um lado, o descontraído radialista sousense Jorge Abrantes, que já causou verdadeiras agitações nas arquibancadas ao entrar no Perpetão montado em seu jumento Chumbinho, em uma clara ação de provocação ao rival. Do outro, o pacífico historiador cajazeirense Reudesman Lopes, cujas histórias do Trovão Azul ecoaram pelo mundo, por meio de lápis, microfone e papel na mão.

“Quando o jogo é em Cajazeiras ou em Sousa, é pau a pau. A rivalidade, o clássico, a camisa, o peso, a tradição, é tudo o que o futebol nos mostra da realidade dele. Essa rivalidade move com as cidades”, disse Reudesman Lopes, historiador do futebol de Cajazeiras.

Ao abrir seu guarda-roupas repleto de camisas históricas do Atlético de Cajazeiras, Reudesman Lopes imediatamente foi provocado por Jorge Abrantes, que de forma bem humorada, comentou que cada uma daqueles ternos eram sinônimos das vitórias do Sousa diante do seu maior rival.

“Traga o seu tesouro aí. Apesar que é um tesouro cheio de piabada. Cada camisa dessa é uma piabada. As piabadas que o Sousa mete no Chumbinho você guarda tudinho?”, brincou Jorge Abrantes ao falar da coleção de camisas do Atlético mostrada por Reudesman Lopes.

Reudesman Lopes exibiu com orgulho e pacientemente uma das camisas mais simbólicas do Atlético de Cajazeiras e destacou a imponente vitória sobre o Botafogo, em pleno Estádio Almeidão, em 1994, ano que o clube foi vice-campeão.

“A camisa de 1994, do título da vitória diante do Botafogo, 1º turno, em João Pessoa”, com orgulho, Reudesman mostrou uma camisa do Atlético, e logo é retrucado por Jorge Abrantes.

Mas, rapidamente, o irreverente sousense Jorge Abrantes recordou que naquele mesmo ano o Sousa havia conquistado seu então título inédito. “Viiiishi. Essa camisa participou do primeiro título de Paraibano do Sousa, que foi em 94. Essa levou muita piabada. Não tem coisa melhor do que o Sousa vencer o Chumbinho”, respondeu Jorge Abrantes, em tom de brincadeira.

E essa foi a tônica da conversa, retratando a singular rivalidade que Atlético de Cajazeiras e Sousa mantém viva no Clássico do Sertão. De maneira amistosa, Jorge Abrantes e Reudesman Lopes rememoraram os capítulos desse gigante embate, respeitosamente, com muito fair play e resenha.

“Aí o Sousa vem com essa soberba de ter vencido o Cruzeiro e perde aqui para o Atlético. Eu vou dizer o quê? Se levar uma piabada aqui, cai tudo. Não adianta nem ir para a Copa do Mundo de futebol. Se perder aqui, aí fecha as portas”, ironizou Reudesman Lopes, historiador do futebol de Cajazeiras.

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