Voo de galinha

Desconheço um termo mais preciso para definir o desempenho econômico de um país que apresenta infindáveis solavancos de “sobe e desce” no seu crescimento econômico ao longo de décadas. Criado por analistas econômicos o termo “Voo de Galinha” se encaixa perfeitamente no perfil do desenvolvimento econômico brasileiro nos últimos 100 anos.

 A recente história da economia brasileira foi marcada por dois longos e grandes ciclos econômicos de prosperidade. O primeiro ciclo, remonta da era Vargas de (1930-1945 e 1951-1954) e o segundo ciclo, do período de JK (1956-1961) ao governo militar entre (1964-1985).

A Política Getulista e o plano de metas de JK continuados pelo governo da revolução produziram em quase 30 anos o maior crescimento econômico da história do país. Surgiram nesse período a CSN, Petrobras, BNDES, Banco Central, Transamazônica, Ponte Rio-Niterói, Itaipu. Foram fortíssimos investimentos em rodovias, ferrovias e energia que lançaram as bases de toda a nossa infraestrutura de hoje. Em 1960 nasce Brasília, era dada a largada que marcou o início do desbravamento centro-oeste que originou uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo tornando o Brasil o maior exportador de alimentos do planeta. Todos esses investimentos redundaram num estrondoso sucesso. Entre 1967 e 1973 atingimos o maior crescimento econômico da nossa história, chegamos a cravar um aumento anual de 14% do nosso PIB. Vivíamos a era do Milagre Econômico.  

 É óbvio que esses maciços investimentos tiveram um altíssimo preço. E essa conta chegou apresentando, em décadas subsequentes, um terrível quadro de estagnação econômica, descontrole das contas publicas sem precedentes, um longo período de superinflação, pacotes econômicos, congelamentos de preços, desemprego em alta, crise cambial, divida externa sem controle. Assim era o Brasil nos anos 80, a década perdida.

Nos anos 90 são lançadas as bases para entramos em um novo ciclo de crescimento econômico: surge o Plano Real, abertura do mercado, privatizações, controle da inflação e das contas publicas, ajuste do cambio e a introdução de marcos regulatórios que deram início uma nova fase da transição econômica brasileira.

Entramos nas duas primeiras décadas do século XXI com o perfil perfeito de variação do nosso crescimento econômico que é classificado como voo de galinha. Crescimento negativo de -3,5% em 2015(governo Dilma) e -4,6% em 2020 (pico da pandemia) e um surpreendente crescimento positivo em 2021 de 4,6%.

Na porta de saída da maior emergência sanitária de todos os tempos o Brasil surpreende registrando a maior deflação da história, três meses de quedas consecutivas, taxa de desemprego em queda, apresentando a quarta alta trimestral consecutiva do seu PIB fechando o primeiro semestre do ano em curso com um aumento do seu PIB de 2.5%, algo inédito, superando os países do G7 (grupo das sete maiores economias do mundo).

Com uma projeção de crescimento econômico para 2022 na ordem de 3,0%, o país se aproxima de realizar a fantástica proeza de suplantar o PIB Chinês pela primeira vez em 42 anos. Será que agora o Brasil cancela o voo de galinha e decola de vez para um crescimento sustentável e duradouro? Os próximos anos dirão.  

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