Que saudade do Brasil quando ele era realmente nosso, sem interferência de outros povos no nosso destino. Quando nenhuma turbulência política fazia com que entrássemos em conflagração nacional, um país dividido ao meio em razão da hipnose do ódio. Desejo o retorno da paz que irmana compatriotas, exercitando o direito de divergir um do outro sem conflitos. Quero ver esta nação respeitando os diferentes, sem discriminação, nem preconceito. Anseio pela volta da liberdade de expressão que conquistamos nas lutas pela redemocratização, ao sairmos de uma ditadura sangrenta e cruel. Almejo retornar a um tempo em que não se matava por questões políticas.
Quero o Brasil sem que a violência seja estimulada por lideranças políticas. Onde se coloque nas mãos das crianças o livro e não a arma de fogo. Quero o Brasil que abomine a tortura. Quero o Brasil da democracia. Quero o Brasil da honestidade. Onde fazer política não seja uma profissão. Um Brasil sem assalto aos cofres públicos. Quero o Brasil da fraternidade cristã. Onde os púlpitos das igrejas não sejam palanques políticos, mas locais onde seja pregada a palavra de Deus. Quero o Brasil que respeite a diversidade. Quero o Brasil em que os valores éticos e morais não sejam distorcidos e explorados por falsos moralistas. Quero o Brasil da justiça social.
O Brasil que quero de volta não distingue raça, classe social, gênero, religião. Todos são iguais perante a lei e merecem atenção de forma igual pelo poder público. O meu Brasil não faz diferença entre nordestino e sulista. O meu Brasil não abre mão de sua soberania, não entrega suas riquezas ao capital estrangeiro. No meu Brasil o voto é livre. No meu Brasil a justiça é apartidária e não tem vinculações políticas. No meu Brasil a imprensa informa e não deforma. No meu Brasil o trabalhador não perde direitos por atendimento dos interesses da elite dominante. No meu Brasil existe a harmonia social. O Brasil onde a cordialidade substitua as lutas de classes. Ele foi assim até pouco tempo.
Não quero ver o meu país caminhando cego para o abismo.
RUI Leitão
