Portal da Memória de Francelino Soares

Pouco a pouco, nossa humilde ACAL – Academia Cajazeirense de Artes e Letras, vem começando a mostrar o motivo dela existir, ao lado de se haver uma editora por aqui, a Arribaçã, e há poucos dias, terminei de ler e de me deleitar com o livro “ Portal da Memória” de autoria de um de seus diretores, Professor Francelino Soares. Fdoi uma maravilhosa, e o termo não poderia ser outro, fazer esse passeio pela história tanto de antes de meu entendimento, e até de antes de meu tempo, pelos fatos que o autor se debruça. O livro é bem mais exato que se fosse escrito por esse membro menor da ACAL, a minha pessoa, que tem a seguinte diretriz básica: quando Clio, a circunspecta musa da história fala baixo para mim, e Calíope, a delirante musa dos feitos heroicos fala em altos brados, eu muitas vezes opto pela segunda, não vou deixar que o fato de não ser completamente verdade venha a comprometer uma boa narrativa. Nosso nosso professor foi quase na exatidão do termo, deixou algumas lacunas, que ele não presenciou, que foram muito poucas. O que não tira de forma nenhuma o mérito indiscutível da obra

Quem nasceu, quem vive ou pretende viver em nossa cidade, com todo o respeito que merecem outras obras, como o livro de Tota Assis ( As Cajazeiras que vi e vivi – que já está na terceira edição), O miolo do Sertão de chico Rolim, e outras que merecem ser citadas, se junta esse livro de Francelino, que mesmo nascido e habitar aqui há décadas, descubro fatos que não cheguem ao nosso conhecimento, como por exemplo a Avenida Carlos Pires de Sá, que antes se chamava “ a Rua da Rodagem”, fazia o papel do que hoje chamamos de contorno da BR 230, era que no tempo em que foi construída, talvez o engenheiro tenha sido meu avô materno Adriano Brocos, que trabalhava no IFOCS, construindo estradas de rodagem para o transporte rodoviário, e o fato de o lugar das mulheres de vida fácil ser atrás do Cemitério Coração de Maria era porque a cidade acabava ali dali para a frente eram “as capoeiras”, que era considerado parte da Zona Rural. Outra, a importância do Grupo Escolar Mons. Milanês, que um grupo de pessoas de nossa cidade em outra gestão (que eu fazia parte) queria transformar em museu municipal, e os alunos serem realocados em outras escolas, seria uma lástima.

Uma leitura que muito me agradou e que eu recomendo para qualquer pessoa que queira saber mais alguma cisa sobre nossa terra, especialmente na seara da radiofonia, que o autor participou, sendo inclusive um dos protagonistas de nossos primeiros passos da “Escola do rádio da Paraíba”. Ter participado da primeira transmissão da Rádio Alto Piranhas é coisa para poucos.

A história de Neco Mãozinha, foi interessantíssima, até porque eu o conheci como classificador de algodão da firma de minha família Galdino Pires é interessante e insólita.

Mas como sempre acontece, por mais que a gente estude sobre determinado tema, sempre escapa alguma coisa, e vou citar apenas um caso: Francelino foi informado que o famoso Sabino Gomes, que tentou invadir Cajazeiras em 1926, havia sido assassinado em 1928. Na realidade, (na minha opinião), como Sabino não tinha a fama de um Lampião, ou Antonio Silvino, podem ter atribuído o assassinato de outro cangaceiro como sendo Sabino. O que eu sei é que seu desempenho nessa tentativa frustrada de invadir nossa cidade, impressionou o meu bisavô materno, Cel. Matos, que estava precisando de homens destemidos para se defender na época da conhecida “Guerra de Princesa”, e  deve ter entrado em contato como mesmo, o trouxe discretamente para nossa cidade e arrumou um casamento com uma senhora daqui. Quando eu falei com minha tia de Goiânia, sobre Sabino, ela me respondeu de imediato “Sabino de Maria de Tia Adalgisa”. Hoje os descendentes desse que tornou-se um dos nossos concidadãos fazem parte do lado bom de nossa comunidade., mas esse e outros escorregões de nosso Professor em nada desmerece o conjunto da obra, que para mim, e espero que para todos os interessados em conhecer nossa história, podem e  eu recomendo ler ou mesmo consultar.

Parabéns professor. Sua obra também engrandece a todos nós que pertencemos à ACAL, que venham outros.

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