Queremos o porte de livros

Num tempo em que o estímulo ao porte de armas tem sido política de governo é importante que a sociedade civil brasileira assuma a campanha em favor do porte de livros. Não tenho dúvidas de que é a melhor forma de se combater a violência, se contrapondo à ideia de que a liberação de armas seja uma estratégia de segurança nacional. É equivocado o argumento de que o cidadão bem armado protege sua família e seu patrimônio. O que garante a vida é a cultura da paz. Não se combate a violência com violência. Monteiro Lobato já dizia que um país se faz de homens e livros. O investimento público prioritário deverá ser na produção de livros e em práticas a favor da leitura.

Temos visto, na história recente de nosso país, a promoção de uma campanha armamentista, contribuindo para que tenhamos um cenário perfeito para que se estabeleça a barbárie. A população deve estar armada de livros, não de pistolas, revólveres ou fuzis. Enquanto os livros mudam vidas, as armas servem a dois propósitos: intimidar e matar. Isso é inquestionável. Quando se pretende armar a população, percebe-se o Estado querendo transferir para cada um de nós a sua obrigação em nos garantir segurança, pessoal ou coletiva.

Sigamos o que nos ensinou Paulo Freire: “A leitura está associada à manifestação da prática cidadã, constituindo um dos direitos dos indivíduos terem acesso ao livro e à leitura, por conseguinte, pautados nos princípios democráticos, que caberá ao Estado e demais instituições fomentarem políticas, de modo a despertar a prática da leitura na sociedade”.

A munição dos livros vem em forma de palavras, pensamentos, saberes. Pode e deve estar ao alcance de todos, porque não oferece perigos. Não mata, nem faz sangrar. Pelo contrário, tem o poder de curar a ignorância. O livro é uma arma para transmitir ideias vivas.

Muito triste e preocupante ver o governo fazendo a escolha de tributar livros, enquanto estimula e fortalece a indústria das armas de fogo. Ao onerar os livros, dificulta o acesso dos cidadãos à informação. Será que isso é feito de caso pensado? Afinal de contas, para alguns políticos não interessa que a opinião pública seja despertada para o exercício do senso crítico.

Que as balas perdidas sejam trocadas por palavras inseridas nos livros., dando lugar a debates luminosos, ao invés de batalhas fratricidas. Assim, a inteligência vence a selvageria. Unamo-nos, pois, pelo direito de possuirmos e portarmos livros. Sejamos defensores da vida e da paz, reagindo à regressão a que nos vemos ameaçados.

1 comentário
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

O final

Amigos e irmãos, nós estamos curvando a parte primordial do tempo, e não somos mais os jovens do…
Total
0
Share