Cajazeiras, anos 1960: amizade com garotas da Sétimo Céu

Lendo artigo no blog AC2B, escrito por meu irmão Eduardo Pereira, sob o título “Os Apaixonados por Cajazeiras”, ele fala sobre minha pessoa, que enviava cartas para a revista Veja no início da década de setenta.

Não só escrevi para a Veja, como também escrevi para a revista Sétimo Céu (revista de grande sucesso sobre rádio, teatro, fofocas e também de grande circulação no país). Minha irmã Neves e Eladir, filha do maestro Esmerindo Cabrinha, meu vizinho, eram leitoras da revista, como toda mocinha daquela época.

A Sétimo Céu vinha com uma coluna destinada às pessoas que quisessem fazer amizade entre elas. Então escrevi para a revista e mencionei que eu era radialista. A partir daí, como eu trabalhava na Rádio Alto Piranhas e como se sabe radialista tem prestígio – ‘radialista tem cartaz’, assim diziam as pessoas – junto aos ouvintes, isso foi um bom motivo para eu fazer amizade com garotas leitoras da revista Sétimo Céu.

Tive a ideia de escrever à mão as cartas, em papel timbrado da emissora, e isso fazia com que chamasse a atenção das garotas para que me respostasse. Tive ainda uma outra ideia. As primeiras cartas que escrevi respondendo às garotas, eu mesmo confeccionava os envelopes, aproveitando às páginas coloridas da revista “O Cruzeiro”, que foi a principal revista ilustrada brasileira, fundada em 1928 pelo paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand.

Não sei, ou não me lembro, quantas cartas recebi. Só sei que foram muitas, e praticamente quase todas as respondi. Algumas delas vinham com fotos preto e branco, de tamanho três por quatro e às vezes até fotos cinco por sete. Loiras, morenas, negras, magras, gordinhas, bonitas, mais ou menos bonitas, paraibanas, potiguares, alagoanas, baianas e paulistas. Enfim, eram garotas que eu as considerava, não importando a cor, a beleza, a nacionalidade e outros perfis.

Ao sair de Cajazeiras, em 13 de dezembro de 1971, fui morar em São Paulo e tive a oportunidade de chegar até o endereço de uma delas, já que ela morava em um bairro próximo ao que eu estava morando. Chegando lá, fui informado por uma senhora que a garota morava naquele endereço, estava de férias e tinha viajado.

Lembro-me muito bem que o carteiro que entregava as cartas lá em casa, na Rua Pedro Américo, ele era morador da Rua Dr. Coelho e tinha um filho que era apelidado por Toletinho. O carteiro era baixinho assim como seu filho. Só sei que Toletinho gostava de jogar bola e era muito bom de pelota (bola), que por sinal era um dos peladeiros do campinho do Grupo Dom Moisés Coelho.

Todos os dias eu sabia mais ou menos o horário que o carteiro passava em casa e eu já ficava na espera, sabendo que ele trazia pelo menos uma carta, isso de segunda a sexta-feira. Lembro-me ainda que teve dia que ele me entregava uma média de oito, nove ou dez cartas.

Depois que saí de casa para São Paulo, não sei qual foi o destino dessas cartas as quais deixei lá, em casa. Enfim, era emocionante fazer amizades com garotas de diversas regiões, porque nestas circunstâncias você ficava conhecendo estilos de vida em geral, de pessoas diferentes da nossa região.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

Gostei do que ouvi

Na segunda feira que passou, dia 01 de fevereiro, em entrevista comandada pelo excelente Léo Feitosa no programa…
CLIQUE E LEIA

O mundo das aparências

Através da internet, pelas redes sociais, constrói-se o mundo das aparências. Criam-se personagens e realidades conforme os interesses…
Total
0
Share