Quando o silêncio grita

Nem sempre o silêncio é ausência de respostas. Há ocasiões em que ficar calado é a forma mais inteligente de reagir contra manifestações de ignorância e estupidez. A mudez, por vezes, tem muito a dizer, significando uma decisão sensata de evitar conflitos que podem gerar situações desagradáveis. Quando se percebe que será pura perda de tempo entrar numa discussão que termina por se tornar constrangedora, é aconselhável se manter calado.

O silêncio, em determinados momentos, se coloca como algo que se expressa como argumento difícil de ser rebatido. É a expressão de sentimentos através de palavras mudas. Importante, então, saber a hora de silenciar, de maneira que não seja compreendido como aceitação tácita dos contra-argumentos, mas a renúncia necessária ao embate estéril. A opção acertada de por um fim na conversa.

Até porque nem todas as perguntas merecem respostas. Contudo, tendo o cuidado para que não seja interpretado como “quem cala, consente”, mas, deixando claro que o objetivo é fazer compreender que o silêncio vence os argumentos dos tolos. Principalmente quando o interlocutor não respeita opiniões contrárias.

O exercício do silenciar torna as pessoas sábias. É uma atitude que acalma as emoções. O silêncio grita quando chegamos à conclusão de que as palavras não fazem mais efeitos positivos, provocando desentendimentos, querelas, contendas. Li em algum lugar uma frase, que desconheço o autor, mas que exprime bem o que estou aqui tentando chamar à reflexão: “Onde a ignorância fala alto com arrogância, o grito do silêncio ensina com elegância”.

Machado de Assis nos ensinou que: “Há coisas que melhor se dizem calando”. Se o diálogo torna-se uma discussão acalorada, desrespeitosa e ofensiva, é preciso que a razão supere a emoção. O cérebro faz o coração calar-se e ir ao encontro da paz.

Só não podemos nos permitir é o silêncio da omissão, do medo e da covardia. Refiro-me neste texto, ao silêncio que se faz essencial para que nossas ideias, nossas opiniões, nossos desejos, não sejam motivos de conflitos que os coloquem em posições que dificultem suas realizações. Quando as altercações perdem a objetividade no que queremos defender. Quando nossos argumentos, por mais bem fundamentados que sejam, encontram ouvidos que se recusam a escutá-los. Debates são efetivos, bate-bocas são improdutivos.

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