O tenente Sabino de Sousa Coelho

JOÃO ROLIM DA CUNHA

O povo está desestimulado e sofrido ante o desmantelo, a insegurança e a incapacidade administrativa. Vai mal a saúde, a educação e a falta de segurança amedronta a todos nós.

Quando o gaúcho Leonel Brizola faleceu, um colunista do O Gazeta, cujo nome não recordo, mandou um recado à Brizola, perguntasse ao Senhor Deus, porque desapareceu a palavra honestidade, acrescente-se: e a vergonha.

A minha presença aqui é falar, mais uma vez, de um grande vulto da nossa história; refiro-me ao Ten. Sabino de Sousa Coelho, filho de José Coelho Meireles, nascido na Barra da Timbaúba, filho de Antônio de Sousa Dias e sua mulher Maria Coelho da Cunha. Em 1810, pouco mais, pouco menos, morre Domingos Coelho, deixando fazenda, gado e animais para sua filha Maria Coelho da Cunha. Por determinação de sua mãe, José Coelho Meireles segue para o Jaguaribe, mais precisamente para a fazenda Sobrado, afim de receber e administrar a herança de sua mãe. No Ceará, Meireles casa-se com uma sua parente da família Coelho, tornando-se, mais tarde, pai de uma famosa e robusta criança que recebeu na pia batismal o nome de Sabino.

Sabino cresceu na fazenda, ajudando seus pais na labuta diária, apaixonando-se, inicialmente pelos rodeios; aos vinte anos de idade, já tinha fama como vendedor de gado, trazendo suas boiadas do Piauí, para negociá-las nos Estados do Ceará, Paraíba, Alagoas e Pernambuco.

Numa dessas andanças, possivelmente em 1835, visita a família de seu pai, no bonito povoado das cajazeiras. De cara, apaixonou-se por uma de suas primas, bonita, bela, atraente e educada. Seu nome: Maria Florêcia das Virgens, irmã do Padre Mestre, filha de Vital de Sousa Rolim e sua esposa Ana Francisca de Albuquerque, os fundadores do povoado, vila e depois cidade de Cajazeiras.

No ano seguinte, em data que não guardamos, a Vila testemunhou e festejou o casamento do ano, celebrado pelo Padre Mestre Inácio de Sousa Rolim, eclesiasticamente trajado e assistido pela família e convidados.

O Tenente Sabino foi um dos maiores coadjuvantes da obra desenvolvimentista de Cajazeiras, notadamente na parte referente a construção civil. Edificou, na rua Padre Rolim, partindo da casa de Dona Santana, fundos da Igreja matriz, até a esquina onde funcionou uma Agencia do Correio, virando foi até o prédio onde funcionou Carvalho & Dutra; daí continuou construiu até o prédio onde funcionou a antiga farmácia do Dr. Higino Rolim.

Edificou os prédios e as residências de maior importância na cidade; também construiu quase todos os “quartos” que rodeiam o mercado central. Na opinião de alguns dos seus biógrafos, o Tenente Sabino foi uma das figuras de maior projeção na história de Cajazeiras, onde viveu quase toda sua longa e fecunda existência, constituindo uma prole ilustre que até os dias atuais tem honrado o seu passado de grande benfeitor da terra onde viveu.

Faleceu no dia 13 de dezembro de 1907, com 92 anos, deixando numerosa descendência.

Seus filhos:

1-Raimundo Cesinando Coelho, político do partido liberal, administrou Cajazeiras na qualidade de Presidente do Conselho Municipal de 1880 a 1884. Foi casado com Maria Loureça da Circuncisão, nascida em Quixabas em 1842 e falecida em Cajazeiras, a 28 de fevereiro de 1916. Seus filhos: A-Dom Moises Coelho; B-Monsenhor Sabino Coelho; C-Doutor Acácio Coelho; D-José Vieira Coelho; E-Juvenal Coelho; F-Crispim Coelho. Avós de Dom Carlos Coelho, Arcebispo de Olinda e Recife; Dr. José Vieira Coelho, Presidente Nacional da Liga Eleitoral Católica; Dr. Mauro Coelho, Juiz de Direito no Rio de Janeiro; Dr. Moisés Gouveia Coelho, médico da Base Aérea do Galeão; Dr. Moises Guimarães Coelho, Professor da Escola de Agronomia de Areia e Dr. Bonifácio Coelho, Cirurgião Dentista em João Pessoa.

2-Vitória de Sousa Rolim, casada com seu primo Comandante Vital de Sousa Rolim, sua descendência foi mostrada em “O Comandante Vital”.

3-Domingos Leôncio de Sousa Coelho, nascido em Cajazeiras, em 1845, onde casou-se com Rita Leopoldina do Couto Cartaxo, no dia 20 de outubro de 1869. Seus filhos: A-Ana de Sousa Cartaxo Coelho, casada com Aprígio Bezerra, não tiveram filhos; B-Maria de Sousa Cartaxo Coelho, casada com Januário Sigisnando Coelho. Sem filhos; C-Ursulina de Sousa Coelho, casada com Vital de Sousa Rolim Filho. Domingos Leôncio casou-se pela segunda vez com Maria das Dores Soares, sendo seu descendente o Padre José Sinfronio.

4-Felismino de Sousa Coelho, nascido em Cajazeiras em 1852; político eleito em 1893 membro do Conselho Municipal. Casou-se a 26 de abril de 1887 com Maria Santana Lins de Albuquerque, nascida em 1864, filha de João Lins de Albuquerque e Antonia Vieira do Sacramento. Não tiveram filhos;

5-Rita de Cássia Assis, nascido em 1854, casada com Francisco Vieira de Sousa Assis, (O Tenente Sousa Assis), natural de Quixabas, onde nasceu em 1864. São seus filhos: Sabino Matias de Assis, José Sinfrôio de Assis, Emido Assis, Ana Emerique Coelho, Maria Fortunata Assis e Vitória Assis Moreira.

6-Henrique de Sousa Coelho, nascido em 1856 e falecido a 23 de fevereiro de 1923. Político, presidiu o Conselho Municipal de sua terra. Casou-se no dia 7 de junho de 1887 com Vitalina Felinto de Albuquerque, filha de João da Cruz Albuquerque, (Janjão da Picada) e sua mulher Teresa Maria de Jesus. Entre seus filhos destacamos o Cônego Gervásio Coelho.

7-Hermenegildo de Sousa Coelho;

8-Virgolino de Sousa Coelho e

9-Ana de Sousa Coelho, religiosa da Ordem fundada pelo Padre José Antônio de Maria Ibiapina, nascido em 1806 e falecido em 1883, considerado apostolo da fé, do amor e da caridade.

JOÃO ROLIM DA CUNHA, ESCRITOR E MEMORIALISTA, PARA O GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ED. 329

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

A rua da Cadeia Velha

Sempre se ouve dizer que a palavra “saudade” não apresenta correspondentes em outras línguas. Talvez, não, pelo sentimento…
Total
0
Share