Anos sessenta, tia Santina Martins, irmã da minha mãe, dona Bia, morava no Sítio Rita, em Monte Horebe, na Paraíba. Nos fundos da casa dela, tinham vários pés de coquinhos (coco licuri) e, com uma vara grande, ela derrubava os cachos secos e quebrava as cascas com uma pequena pedra para tirar os coquinhos.
Para fazer um rosário de coquinhos, ela enfiava numa linha de croá, com mais ou menos uns trinta, até formar um círculo, tipo um rosário. Ela vendia para seu Antônio do Motor, morador de Horebe, que ia até o Sítio Rita buscar para vender na feira de Cajazeiras.
Depois de muitos anos morando em Brasília, chegando em Cajazeiras, de férias, fui na feira, avistei um garoto falando bem alto: “Ói u ruzáru de coquin” e, ao escutar isso, pensei. “Ôxente, vou comprar um agorinha mêrmo!”. Chamei o garoto, que estava sem camisa, mas, ela estava amarrada na cintura e, ele carregando vários rosários nas mãos, lhe perguntei quanto custava e, ao ouvir a resposta, comprei um.
Fiz o pagamento e, após eu colocar o troco no bolso, o garoto, em um gesto rápido, joga todos os rosários no ombro suado e vai embora. Olhei com um pouco de nojo, mas, enfim, levei para casa e chegando lá, coloquei no meu pescoço e, aos pouquinhos fui saboreando até matar a saudade dos rosários, que tia Santina fazia.
Aliás, quanto mais se come um coquinho, mais vontade dá de comer mais um, mais um e mais, mais e mais.