O rei fraco torna fraca a sua forte gente

Nada pior para uma organização ou grupo do que ter como líder um trapalhão. O comandante desastrado gera insegurança entre os seus subordinados. Cria um clima de balbúrdia no ambiente que está sob a sua administração, produzindo, por consequência, sucessivas crises. Estabelece-se, portanto, o caminho do caos, onde ninguém se entende, porque não há confiança no chefe.

A inabilidade para enfrentar desafios naturais no exercício do seu papel de líder se manifesta de forma explícita. Seus pronunciamentos, ao invés de permitirem orientação no sentido da harmonia, provocam discórdia, desavença, desafinação, incertezas no amanhã. Quando se torna nítida a percepção de que o líder não mostra firmeza no que faz e no que diz, o resultado é a instalação da desordem.

O respeito não se impõe, se adquire. Não é na força do grito ou das ameaças que alguém consegue ser considerado um líder, na verdadeira expressão da palavra. A inépcia e a disfuncionalidade são características de um dirigente despreparado. Ele irradia nervosismo e instabilidade emocional.  Seu comportamento desajuizado desencadeia uma sensação de desproteção, desamparo.

“O rei fraco torna fraca a sua forte gente”, já nos ensinava Camões. Difícil acreditar em quem fala muito em colocar a lei acima de tudo, mas age em oposição à lei. Esse é o “rei fraco”, que não tem escrúpulos para ameaçar os que discordam do seu pensamento, confiando no poder que eventualmente exerce. As falsas aparências, quando conhecidas as verdades, costumam deixar o “rei nu”, até porque ele não tem competência para evitar o que revela a sua personalidade. Vai contribuindo com suas bizarrices para que seus comandados o vejam como o imperador do conto de Hans Christian Andersen.

Tanto na iniciativa pública, quanto no setor privado, é importante termos lideranças fortes, com visão político-estratégica clara. Contudo, isso não quer dizer que devam assumir posturas de autosuficiência, apresentando-se como aqueles que tudo sabem e tudo resolvem de forma autocrática. Precisam ter consciência dos seus próprios limites. O grande problema é que esses líderes enfraquecidos são ajudados por bajuladores, aplaudindo tudo o que eles fazem ou dizem, sem se darem conta da mediocridade dessa conduta. Isso, aproveitando a analogia com a frase de Camões, é que faz com que um reino seja levado à deriva.

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