O Prêmio Nobel e o desemprego no Brasil

ALEXANDRE COSTA

O anúncio dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2021 atribuído a consagrada tríade de economistas, o canadense David Card, e dois americanos, Guido Imbens e Joshua Angrist agraciados por relevantes estudos vinculados ao mercado de trabalho e políticas de desenvolvimento social, me causou ansiedade em ler a íntegra desses estudos na busca de algumas respostas para as causas e os impactos do desemprego no Brasil. Juntos, esses três cientistas, levaram a bagatela R$ 12,5 milhões da Fundação Nobel, uma instituição sueca que leva o nome do seu fundador, Alfred Nobel, autora de premiações internacionais  para estudos que resultaram em contribuições notáveis à humanidade.

O professor Card, da Universidade da California, ao desenvolver seus estudos sobre salário mínimo, imigração, educação e seus impactos no mercado de trabalho conseguiu demonstrar que o volume de recursos aplicado na escola está diretamente ligado ao surpreendente sucesso profissional dos alunos. Uma constatação preciosíssima em tempos pandêmicos. Já os professores Imbens e Angrist das Universidades de Berkeley e Stanford, respectivamente, foram laureados pela forma inovadora na utilização de metodologias onde as conclusões sobre causa e efeito são tiradas em experimentos naturais e não num experimento controlado, demonstrando que as grandes questões da sociedade podem ter respostas a partir dessa nova metodologia transformadora.

Afinal, seria necessário encomendar um estudo a esses especialistas com propostas e soluções para reverter esse quadro dramático do desemprego no Brasil? Os números são estarrecedores, dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) realizada IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam para 14,4 milhões de desempregados no segundo trimestre desse ano, e somente em um ano esse contingente aumentou em mais 1,6 milhão de brasileiros sem trabalho. O número dos desalentados (aqueles que já desistiram de buscar emprego) somam quase seis milhões e o mais cruel e preocupante dessas estatísticas é que entre os jovens de 18 a 24 anos, a taxa de desemprego atinge quase 30%. São gerações de jovens trabalhadores que sem qualquer perspectiva de reversão desse quadro testemunham o seu futuro sendo estuprado.

 Em se tratando em mercado de trabalho, empreender no Brasil não é coisa para amadores. Na outra ponta, no setor da construção civil, dados contrastantes da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) apontam gargalos na contratação de obra de profissionais qualificados, faltam no mercado mestre de obras e carpinteiros. Problemas semelhantes também vêm ocorrendo com a indústria de calçados, confecções, náutica e farmacêutica.

A despeito de convivermos um momento critico de convergência do desemprego estrutural com o desemprego conjuntural, o Brasil não precisa de importar premiados cientistas econômicos para resolver esse problema.

Não existe mágica. A saída é o país crescer, reduzindo impostos, melhorando o ambiente de negócios, fortalecendo o mercado interno, investindo pesado em infraestrutura econômica qualificando mão obra que fatalmente atingiremos a maior e mais eficaz de todas as políticas sociais: a carteira de trabalho assinada.

ALEXANDRE JOSÉ CARTAXO DA COSTA É ENGENHEIRO, EMPRESÁRIO COM MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE NEGÓCIOS, DIRETOR DA FECOMÉRCIO PB, PRESIDENTE DA CDL/CZ E MEMBRO DA ACADEMIA CAJAZEIRENSE DE ARTES E LETRAS.

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