O pior já passou, mas…

É certo que conseguimos ultrapassar a linha de maior perigo. Estivemos, por alguns anos, com a nossa democracia seriamente ameaçada. A sensação é de que o pior já passou, mas não conseguimos, ainda, vencer a guerra. Estamos ganhando batalhas animadoras. Porém, é preciso que permaneçamos atentos. O ovo da serpente não foi destruído por completo. E dificilmente será. Porque o mal não dorme.

O cenário ainda é atemorizador, embora já estejamos visualizando sinais positivos, tanto na economia, quanto na política. Há um clima de otimismo no mercado. Contudo existe ainda um longo campinho a ser percorrido, exigindo cautela. Não é fácil superar as consequências da crise em que estávamos mergulhados. Todavia, já podemos perceber que o estado de pânico está desaparecendo e voltamos a sonhar com um futuro promissor .

A semente do radicalismo recentemente plantada em nosso país permanece sendo cuidadosamente regada. Tentaram nos impor uma miopia histórica com o intuito de fazer com que não enxergássemos o passado tenebroso quando fomos vítimas de uma ditadura cruel. A serpente não deixou de espalhar os seus ovos. Nos discursos procuram criminalizar a política e demonizar a justiça, em especial os tribunais superiores. O autoritarismo como palavra de ordem, avançando contra o Estado Democrático de Direito, num roteiro de incubação do ovo fascista. Os que buscam desarmar os espíritos, propondo a moderação e a conciliação são considerados inimigos. Discordâncias ideológicas, antipatias ou diferenças pessoais, estimulam um ambiente de conflagração entre compatriotas. Todo cuidado é pouco, eles não desistiram.

O que aconteceu em anos recentes no Brasil não foi obra do acaso. Há um velho ditado popular que diz: “jabuti não sobe em árvores. Se está em cima, alguém o pôs”. Felizmente a maioria da população percebeu a perniciosidade do monstro que estava sendo gerado no ovo da serpente. Foi salvo o “regime democrático”, duramente conquistado na década de oitenta, resgatando garantias postas em defesa do cidadão, na Constituição. Necessário se faz que jamais deixemos de enfrentar aqueles que costumam usar da estratégia de brincar com o medo, numa retórica de ameaças e intimidações. Não abdiquemos, nunca, de manter o senso crítico. Só assim seguiremos na trilha da vitória contra os que não gostam de conviver com a democracia.

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