O duro recado do PIB nacional

É sintomática a manifestação de desagrado dos banqueiros, grandes empresários e economistas, com relação às ameaças à democracia que o presidente da república vem sistematicamente protagonizando. É um duro recado do PIB nacional, de apoio ao atual sistema eleitoral, reagindo contra as declarações do chefe da nação, sinalizando risco de rupturas, incluindo a possibilidade de evitar as eleições presidenciais do próximo ano, se não for implantado o sistema do voto impresso.  

Em documento tornado público na semana passada, com mais de seis mil assinaturas de integrantes da elite econômica do país, firma-se o compromisso de defesa da nossa democracia, num esforço para estancar de vez a escalada crise institucional a que estamos assustadoramente assistindo. O manifesto fala que “o princípio-chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação dos seus resultados por todos os envolvidos”. O mercado declara com firmeza seu repúdio a aventuras autoritárias. A elite econômica deixa clara sua posição enérgica em defesa do Estado Democrático de Direito, buscando o caminho do equilíbrio e da estabilidade. 

Medidas extraconstitucionais não serão admitidas. Necessário se faz que as instituições democráticas sejam blindadas de ataques demagógicos inconsequentes. A decisão tomada pelos mais destacados representantes da economia nacional, coloca-se acima dos diferentes espectros ideológicos, ressaltando que deve imperar o espírito patriótico em consonância com os sonhos e desejos da população brasileira em construir um futuro mais próspero e mais justo.  

A elite nacional demonstra que não haverá tolerância diante dos arroubos autoritários insistentemente proclamados pelo presidente da república. As iniciativas de natureza golpista não encontram apoio do empresariado nacional, que passa a agir com consciência cívica. O comunicado, batizado de “Eleições serão respeitadas”, convoca a sociedade civil organizada para o debate público sobre as tentativas de descredibilizar o voto eletrônico, promovendo um arranjo eleitoral que permita produzir situações de judicialização do pleito, considerando o descontentamento com resultados que possam contrariar o projeto de manutenção no poder.  

É inadmissível que, ao tempo em que estamos vivenciando o impacto de mais quinhentas mil vidas ceifadas pela crise sanitária da pandemia, esteja o governo perdendo tempo com tentativas de desmoralizar as instituições democráticas. É obrigação moral de toda a sociedade brasileira reagir contra qualquer ação que vise promover ruptura da ordem institucional. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share