O campo e a pandemia

Existe uma máxima que diz: enquanto a cidade dorme, o campo trabalha. Imagine se os produtores deste imenso Brasil tivessem batido as porteiras de seus currais e silenciassem os seus equipamentos que preparam a terra, plantam e colhem? Quanto, então, estaria custando um quilo de carne, de feijão e arroz?

Mas se tomarmos como exemplo o município de Cajazeiras ao longo de sua história ainda não mereceu de seus governantes uma atenção mais especial para a sua agricultura, muito embora tenha, em toda a Paraíba, uma riqueza inigualável e que são poucos os municípios que possuem: água em abundância.

A partir do Distrito de Engenheiro Ávidos as águas do Rio Piranhas cruzam toda a região leste do município como que se oferecendo para produzir riqueza, riqueza que o município de Sousa transforma em água de coco, banana e leite e ainda as águas que sobram serpenteiam até o vizinho Estado do Rio Grande do Norte e em vários municípios ela se transforma em frutas que são exportadas para vários estados do Brasil e Europa.

Desde a semana passada que o leito do Rio Piranhas está transbordando e por onde vão passar 14 milhões de metros cúbicos de água para serem armazenadas no Açude de São Gonçalo e dali servirem para irrigação de centenas de hectares, onde se produz desde a ração para o gado, frutas, legumes e hortaliças. Protestar para que, se nós não temos a capacidade e o empreendedorismo de transformar água em riqueza?

Contam-se nos dedos os produtores rurais que têm suas propriedades às margens do Rio Piranhas que utilizam as suas águas para produzir frutas e legumes.

Até a década de 60 o município de Cajazeiras possuía mais de 14 engenhos de rapadura e em alguns deles também se fabricava cachaça e as mais famosas eram de Amélio Estrela (Várzea de Roça) e Dr. Celso Matos (Carrancudo). Poucos destes engenhos sobreviveram e os que gostam de rapadura têm que se contentar com as produzidas no Cariri Cearense e nos municípios de Nazarezinho e Uiraúna.

Por que não incentivar a construção de novos engenhos e a instalação de alambiques? Por que não produzir frutas e legumes com as águas abundantes e abençoadas do Piranhas que poderão em breve ser mais abundantes ainda com a transposição do São Francisco, cujas águas brevemente irão beijar as terras paraibanas?

Precisamos repensar a política agrícola do município de Cajazeiras, porque poderá ser, a partir do campo, uma das saídas para geração de emprego e renda e que os nossos jovens não precisem todos os anos abandonar suas glebas para irem cortar cana em outros estados da federação.

Por que Cajazeiras não segue o exemplo da cidade de Areia e não promove seminários para discutir as saídas para um desenvolvimento sustentável também a partir da agricultura? Não deixemos que as águas armazenadas em nosso município serpenteiem pelo nosso território para produzir riquezas em outras regiões.

Depois da Pandemia bem que podíamos realizar seminários e discutir com a comunidade ribeirinha, técnicos, engenheiros agrônomos e florestais e a parir daí traçar planos e rumos de nossa tão pobre agricultura?

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