Na luta do rochedo contra o mar

Na vida real muita coisa guarda similaridades com o que acontece na natureza.  A frase: “na luta do rochedo contra o mar”, construída pelo carnavalesco Joãozinho Trinta, simboliza bem os embates de hoje na vivência política. As idéias bem consolidadas podem ser consideradas rochas que nem o ataque das ondas consegue fazê-las deteriorarem-se. Elas resistem a pancadas provocadas ao sabor dos ventos, sofrendo açoites permanentes.

A sua posição sólida, fincada num consciente coletivo, não se fragmenta com as tentativas insistentes e teimosas das  “ondas’ raivosas dos que estão cegos à sua percepção. O rochedo mantém-se firme, não obstante todas as investidas realizadas na intenção de desfigurá-lo ou fazê-lo desaparecer. Na verdade são as “ondas” que ao lhe banharem com objetivos destrutivos, morrem ao atingirem a beira mar. Até porque “ondas” são passageiras, o rochedo não. Ele tem perenidade, torna-se duradouro por muito tempo, graças ao seu componente de solidez. Pode até ser esculpido e transformado num belo monumento da natureza pelo bater incessante das ondas marinhas, mas nunca será algo feito na base da força instantânea. Tem que ser na construção de um longo processo  de adequação, jamais de aniquilamento, destruição completa.

Alguns podem achar que o rochedo, preso na sua condição estática, corre o risco de desaparecer ou ficar  invisível pela cobertura das águas do mar bravio. Essa invisibilidade é momentânea. Ao passar a agressão das “ondas” ele reaparece com toda a sua imponência para desespero dos que ansiavam vê-lo extinto. O rochedo, tanto quanto as idéias bem elaboradas, não têm receio das agressões ao seu conteúdo.  Nesse embate, sem quaisquer dúvidas, quem vence será sempre o rochedo.  Serão muitas as batalhas. Serão muitos os momentos em que as “ondas” baterão com força devastadora. No entanto, o rochedo tem a composição de resistência, como se fosse um guerreiro que não se cansa de lutar contra os inimigos ou as incompreensões.

Li em algum lugar uma frase que considero bem oportuna para essa reflexão no uso metafórico do verso incluso no samba enredo de Joãozinho Trinta: “Um homem pode morrer, lutar, falhar, até mesmo ser esquecido, mas sua ideia pode modificar o mundo mesmo tendo passado 400 anos.”

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