Mil artigos no Gazeta do Alto Piranhas

Este é o milésimo artigo enviado para o jornal do professor, empresário, historiador José Antônio de Albuquerque, em circulação ininterrupta desde janeiro de 1999. Isso ocorreu em julho de 2004, quando decidi numerar os textos semanais. Antes, minha contribuição era esporádica. Vale dizer, vai além do número mágico dos mil gols de Pelé. Que pretensão! Pelé foi o maior jogador do mundo, tudo aprendeu em ginga de corpo e no trato da bola. Eu permaneço aprendiz, graças a Deus!

Aceitei o desafio de José Antônio.

Tudo começou com 20 textos, depois enfeixados no livro Do bico de pena à urna eletrônica (2006), acerca da eleição municipal de 1982, quando fui candidato a prefeito, sem lança, sem Rocinante, sem Sancho Pança. Já se vão quase 20 anos de presença no Gazeta! Até me espanta a persistência, interrompida por curto período, em 2016, para dedicar-se à finalização do Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Nunca me faltou assunto.

Faltou espaço para tantas ideias. A história de Cajazeiras realça em muitos textos à medida em que remexia papéis velhos, descobria novidades, ligava pontas de fios soltos de nosso passado. O Gazeta foi estímulo insubstituível para que, mais tarde, artigos selecionados figurassem, refundidos, no livro Morticínio Eleitoral em Cajazeiras e outros escritos. Recompor cenários, fatos, episódios, personagens antigos me levaram à revisão de pontos de nossa história, com potencial de causar polêmica. Corro o risco guiado pela seriedade da análise interpretativa de papéis assumidos por figurantes e protagonistas no contexto em que atuaram.     

Não fugi da abordagem da delicada política do tempo presente nem de eleições nacionais e estaduais ou da situação local, campo minado de rancores. Conservo no arquivo mensagem raivosa, com termos chulos usados por quem, imaginando ser dono de Cajazeiras, sentiu-se ferido. Mas também escrevi crônicas leves para abafar a saudade da infância, terra amada.

Vez em quando, brotavam contos em jeito de crônica. Cenas tão verossímeis que, ainda hoje, um velho amigo me cerca: “eu vou descobrir quem é aquela menina de olhos verdes e cabelos loiros”… Comentei com seriedade livros de história, ficção, de autores pouco conhecidos e de amigos também. Sempre com o propósito de induzir o leitor a uma boa leitura. Falei também de angústia e morte. Derramei saudade. Nesses 20 anos, perdi oito irmãos e irmãs, afora muitos parentes próximos. Sobrinhos, meu Deus, voaram para o céu em trágicos acidentes automobilísticos. Um foi morto por estúpidas balas de revólver. Tudo isso compartilhei no espaço do Gazeta, sem deixar de remoer perdas irreparáveis que me atormentam a alma.

Na trajetória de colaborador do mais longevo jornal de Cajazeiras, de todos os tempos, nunca me vi frente ao menor sinal de censura, mesmo tendo notórias divergências ideológicas, políticas, literárias com o confrade José Antônio de Albuquerque. No plano eleitoral, então, nossas discrepâncias são enormes. Mesmo assim, em vinte anos, nunca houve insinuações para evitar um tema, alterar uma frase, uma palavra dos meus escritos. Faço este registro por fidelidade aos fatos e à compreensão de José Antônio de Albuquerque.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
CLIQUE E LEIA

A campanha IML JÁ

A luta é antiga. A necessidade maior a cada dia. Sem querer fazer história, relembro alguns fatos para…
CLIQUE E LEIA

Oitenta e oito mortes

A secretaria de saúde do município de Cajazeiras divulgou nesta última quarta-feira que 88 pessoas já haviam falecido…
Total
0
Share