Surpreendeu-me encontrar, já ultrapassando a faixa etária de mais de oito décadas, a minha amiga Anita Caitano do alto de sua inabalável saúde e vontade de viver, sobretudo por ela haver me recebido com uma recomendação emblemática: diga aos meus conterrâneos e amigos cajazeirenses que EU SOU UMA PESSOA FELIZ! Isso não me surpreendeu porque também e bem sei que a vida é uma eterna colheita do que nela semeamos.
Filha do Agente Fiscal, agricultor, comerciante, mas, sobretudo chefe político, seu pai, Zé Caitano teve sua origem em Água Branca, lá pras bandas de Princesa Isabel, de onde também procede a sua primeira companheira Severina Guedes.
Ele foi figura respeitada e querida em nossa cidade, mas não há como negar sua afeição pelo querido Boqueirão (Engenheiro Ávidos), onde cultivava suas propriedades agrícolas e em que plantou suas bases como chefe político, o que o fez pleitear, junto à chefia do antigo PSD (leia-se Dr. Otacílio Jurema, opositor ferrenho da antiga UDN), a candidatura à vereança municipal da filha Anita Caitano.
Não se pode olvidar a “mãozinha” que lhe deu Dona Severina Guedes Xavier, parteira reconhecida, e que assistiu a várias parturientes citadinas e da zona rural. Caritativa como o era, “fazia o bem sem olhar a quem”.
Vereadora por dois mandatos (novembro/1959 a novembro/1963 – gestão do Dr. Otacílio – e novembro/1963 a janeiro/1969 – gestão de Francisco Matias Rolim), Anita deu continuidade a um trabalho iniciado pela nossa primeira vereadora Rita de Cássia Assis (novembro/1951 a novembro/1955 – gestão também do Dr. Otacílio) e seguida por Maria Alba Costa, Francisca Campos de Oliveira, Maria do Carmo Ribeiro, Léa Silva, esta última de imensurável influência e poder politico de articulação, considerada a mais longeva no cargo.
Anita Caitano viveu a sua infância entre as brincadeiras, lá no Boqueirão, e os primeiros estudos já na cidade. Primeiramente, aluna interna do Colégio N. S. de Lourdes, foi posteriormente concluir o seu Curso Normal na cidade de Pombal.
Concluídos esses estudos, estabeleceu-se em Cajazeiras onde, depois de se formar em Contabilidade, foi logo convidada e alçada à categoria de docente da Escola de Comércio Mons. Constantino Vieira. Montou um bem sucedido Escritório de Contabilidade, que se ramificou por São José de Piranhas (ainda era Jatobá) e São João do Rio do Peixe (antigo Antenor Navarro), praticando os vários ramos da Contabilidade (Bancária, Pública, além de Prática de Escritório).
Após deixar de lado as atividades politicas e públicas, em 1979, Anita, após o casamento com Afonso Lira, policial influente, natural de Teixeira, mudou-se para aquela cidade, passando adiante a gestão dos seus escritórios de Contabilidade e dedicando-se ao ramo de panificação, no novo habitat, e ao cultivo de cenouras no Orebe. (Mulher dinâmica!)
Em acidente rodoviário, ocorrido entre Patos e Teixeira, perdeu o marido, o que a fez rumar para João Pessoa onde passou a residir, objetivando a educação escolar dos filhos e, depois dos netos.
Hoje, como matriarca, reside no bairro do Bessa, dividindo o lar com a filha Magna e o genro Paulo de Tarso Carneiro Nunes, aposentado do Banco do Brasil, militante político, olhando para os caminhos das netas Paula (Educação Física), Carolina e Ana Clara, (estas, ambas formadas em Serviço Social), filhos deste casal; e dos filhos do Zé Lira, portanto seus netos: Afonso (Direito / bombeiro), Dr. Alexandre (médico e capitão do Corpo de Bombeiros) e Artur (Unimed).
Dentre as várias proposituras apresentadas por Anita Caitano, quando de sua vereança, merece destaque aquela que isentou a Diocese de Cajazeiras de impostos municipais. Anita colhe hoje, junto aos que lhes são caros, os frutos de uma vida laboriosa, curtindo, como ela diz, uma saudade imensa de nossa terra comum.
