Liberdade para nosso Cristo

O lugar reúne todas as condições para se tornar um dos principais pontos de referência da cidade e se constituir em importante pólo de atividades turísticas. Do alto de sua formação rochosa que se sobressai em todas as suas direções da cidade é possível se apreciar um dos mais belos por do sol do sertão. Mas o lugar vem tendo, cotidianamente, sua beleza usurpada e vilipendiada pelo descaso governamental e pela ganância de interesses econômicos que tecem estranhas e fantasmagóricas esculturas de teias e fios que sustentam antenas e destoam da natureza, afugentando o belo, que se acanha diante da agressão desmesurada.

A agressão tecnológica caminha parceira com a ocupação humana que, acontecendo de forma espontânea e desordenada, vai engolindo mato, córregos, grutas e expondo o risco de pedras que, suspensas, aumentam a ameaça de despencar sobre gentes e posses. De esgotos que, livres de canalizações, correm desregrados tangendo insetos e odores. De becos inóspitos e casebres insignificantes que ganham a condição de habitação para a simplicidade de gentes, gatos, cães e sonhos.  O argumento de que impedimentos técnicos entravam a remoção do emaranhado de antenas que feiosamente emolduram seu espinhaço soa como uma profecia esdrúxula e descabida. Como todo o conhecimento que a inteligência humana vem acumulando não oferece condições para a simples remoção de algumas antenas? Como isso se coloca como intransponível por barreiras técnicas? Isso soa mais como má vontade política ou proteção de interesses escusos que, tradicionalmente, alimentaram articulações e artimanhas de nossa política.

Façamos um prazeroso exercício de imaginação e pensemos o nosso Cristo Rei livre de todas as antenas que lhes asfixia. Coloquemos em seu platô uma simples, mas eficiente e aconchegante estrutura, com muradas e parapeitos, com mirantes, bancos e praças que acolham os visitantes. Instalemos pequenos e aprazíveis quiosques onde seja possível o degustar de um lanche rápido, de um suco de cajá ou graviola, de um picolé de Walmor, de uma água de coco. Se instale um eficiente sistema de transporte que, com horário determinado e com reconhecida segurança, conduza a todos os desejosos em apreciar o espetáculo do seu por do sol ou apenas vislumbrar a cidade e suas cercanias que, de acordo com a época do ano, apresenta matizes e modulações distintas.

Uma iniciativa quer viria agregada a uma ação urgente de revitalização ambiental do que ainda resta de sua área livre. Replantemos oiticicas, imburanas, cajazeiras, baraúnas, aroeiras e traremos de volta sagüis, galos de campina, rolinhas fogo pagou, sabiás, bem-te-vis que farão a sinfonia para todos aqueles que ousarem partilhar tua beleza.

Com certeza, teríamos uma interessante alternativa econômica, uma simples, mas aprazível, opção de lazer. E a cidade recuperaria um dos seus mais expressivos monumentos.

Fica a sugestão. E não cobrarei, sequer, os créditos pela autoria da idéia.

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