Leopoldina, a Princesa da Independência

A História, na sua versão oficial, coloca sempre Dom Pedro I como sendo o principal protagonista da independência do Brasil. O que aprendemos nas escolas é que o então Príncipe Regente deu o famoso grito do Ipiranga, ao receber uma carta da Princesa Leopoldina, informando-lhe os últimos acontecimentos ocorridos enquanto ela estava interinamente como regente, em razão da viagem que seu marido estava realizando.

O fato é que foi ela quem assinou a “declaração de independência”, no dia 02 de setembro de 1822, documento escrito por José Bonifácio, então Ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros. Coube ao Príncipe Regente chancelar a decisão por ela tomada. Em uma das cartas enviadas a Dom Pedro, ela dizia: “O Brasil será em vossas mãos um grande país, o Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará sua separação. O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece.”

Portanto, o documento oficial que determinou a Independência do Brasil foi assinado por ela cinco dias antes do Grito do Ipiranga (sete de setembro). Podemos, inclusive, considerar que o bicentenário da Independência teria que ser comemorado no dia dois de setembro. A imperatriz, conhecida por sua habilidade política, teria se antecipado ao marido na compreensão de que a exigência para o retorno de Dom Pedro a Portugal, faria com que o Brasil se transformasse em diversas colônias distintas, como aconteceu na América Espanhola.

Ao tomar conhecimento de que estariam chegando ao Brasil, cerca de 7.200 homens do exército português, na intenção de forçar o retorno do Príncipe e da Princesa a Portugal, convocou o Conselho de Ministros, que, em reunião por ela presidida, aprovou, por unanimidade, o decreto que declarava o Brasil separado de Portugal. Na condição de Regente interina a ela coube a responsabilidade de assiná-lo.

Aquela jovem de 25 anos foi, então, a responsável principal pela emancipação do Brasil, num contexto histórico em que a política era preponderantemente masculina. Essa cultura machista teria sido a razão para oficialmente a História nacional ignorar o fato de que quem assinou a declaração de nossa independência foi uma mulher. Culta, poliglota, amante da música e da ciência, exerceu papel de relevância nos acertos finais que culminaram com a consolidação da Independência. Os historiadores, todavia, sempre registraram a capacidade que possuía para fazer a leitura política da situação do Brasil na época da crise com Portugal. Com essa percepção convenceu Dom Pedro a permanecer no Brasil, e, a partir daí, procurou convencê-lo a declarar a nossa independência.

O ato simbólico de Dom Pedro às margens do Rio Ipiranga, celebrado por todos nós brasileiros no dia sete de setembro, não faz justiça ao importante papel de sua esposa no processo que determinou a nossa independência. Como também deixa evidente que as comemorações do bicentenário da independência teriam que ser iniciadas no dia dois de setembro.

Em 1o de dezembro de 1822, D. Pedro I e Da. Maria Leopoldina foram coroados como sendo os primeiros imperadores do Brasil, na Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, a Catedral Velha do Rio de Janeiro. Em 25 de março de 1824, o casal imperial jurou a Constituição do país. Em dezembro de 1825, a imperatriz Da. Leopoldina deu à luz a D. Pedro de Alcântara, seu último filho e que seria o nosso segundo Imperador, D. Pedro II, cujo feliz governo se estendeu de 1840 a 1889.

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