Ica ou o estabelecimento de um mito

Nos States, temos a eterna Marylin Monroe, e mais recentemente Michael Jackson, cada vez mais vivos e cultuados, da Argentina nos vem Carlos Gardel, que apesar do acidente aéreo de 1936, segundo nossos vizinhos, não só não morreu, e continua cantando cada vez melhor. Aqui, Cazuza se eterniza. Todas são figuras que conforme o tampo flui, vão ganhando cada vez mais importância e atualidade, ou seja vão se estabelecendo como mitos.

Na nossa Cajazeiras, guardadas as devidas proporções (e que proporções…) eu assisto estupefato a consolidação de uma coisa semelhante, e com um enorme diferencial  a possível consolidação do mito Íracles Pires (Ica); é deveras perturbador conviver com o fato de minha mãe estar virando uma figura mitológica.  Na última sexta-feira, na nossa Câmara Municipal foi prestada uma enorme homenagem a ela, e distribuído um exemplar do Correio das Artes do Jornal “A União”,  quase todo dedicado a Ica, e (confesso) de muito bom gosto, evocando-a como um dos símbolos de nossa cidade e do interior da Paraíba.

Apesar de me sentir lisonjeado, e ter sido um dos homenageados, compus a mesa (uma mesa que eu componho, me parece não ser de tanta importância), estava ladeado por figuras as quais admiro, como Agnaldo Cardoso (Sec. Da Cultura), o Editor da União e especialmente Prof. José Antonio Albuquerque, que realmente merece compor qualquer mesa, e que foi (e ainda é) companheiro de muitas lutas de Ica algumas já encampadas, e outras que se viva certamente encamparia.

Mas vamos ao que me motivou a escrever essas linhas: Folheando (na verdade lendo) a publicação, algumas partes dela merecem ser comentadas, e aproveito o espaço do Gazeta, para comentar e explicar.

Primeiro uma passagem de meu amigo Buda Lira, que testemunhei, e não sei se já comentei com ele o desfecho daquela molecagem que a gente (ele) praticou num aparelho tipo “vibraform” que estava abandonado, a gente conseguiu ligar e Buda ficou fazendo os trejeitos que posteriormente lhe dariam notoriedade (Buda nasceu para ser palhaço): No outro dia, ela me chamou, e enquanto eu esperava ela dizer p’ra não trazer mais aqueles moleques para casa, ela surpreendentemente me falou mais ou menos o seguinte: Seus novos colegas são criativos; era o olho clínico atuando, visando ao recrutamento de novos atores, o que posteriormente se consolidaria, esses colegas eram alem de Buda, Roberto Lira, que vieram a ter atuação mais que significativa na nossa (do estado) vida cultural, estes dois não; a gente foi para a capital pouco tempo depois, mas outros que ficaram, como Beto Montenegro e Antonio Carlos Vilar, alem de Chagas Amaro, um dos oradores do evento, viriam a se incorporar ao elenco dirigido por ela.

Fiquemos por aqui, vou apenas dizer dois dos seus muitos dizeres: “Pepe: junta-te aos bons e serás igual a eles, junta-te aos maus e serás pior do que eles”, e outra que vi dizendo, parece a Dr. Epitácio Leite: “O caminho do inferno está calçado de boas intenções”. Um diferencial era que ela sempre tentava se juntar com as pessoas certas de quem podia depois, no bom sentido, tirar algum proveito, Lembro, somente para citar alguns da área cultural, Alarico Correia Neto, Fernando Teixeira, Ednaldo do Egito (figuras referenciais no nosso estado), e quando ela morava no Rio de janeiro, Paulo Pontes, e Amir Haddad, que ambos ganharam (Amir ainda hoje) notoriedade.

Fiquemos por aqui, a homenagem foi extremamente agradável, Apenas (nada é perfeito) a sentida falta da cereja da torta; A prefeita Denise Albuquerque, que podemos considerar uma espécie de aperfeiçoamento de algum projeto inconfessável de Ica, às voltas com a herança maldita da administração passada, mas magistralmente substituída por nossa querida Lea Silva, pessoas que com certeza, se viva, minha mãe teria a oportunidade de ser amiga e de fazer diversas conspirações para o bem de nossa região.

Apenas ainda na publicação uma constatação equivocada de minha mãe, que em Cajazeiras ia faltar bandido para filmar um faroeste: Depois das drogas, e da importação de presos pessoenses ralé para nosso Hotel de Segurança Máxima, e outros, estes sobram… Precisamos formar mais artistas, senão estes vão ficar em minoria.

E la nave vá… Vamos ficar por aqui.

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