E a onda quebrou…

O impeachment Que pode afastar a “Presidenta” Dilma Rousseff foi votado e aprovado na Câmara, naturalmente num, guardadas as exceções que confirmam a regra, espetáculo circense do mais baixo nível, o Dep. Tiririca se sentia mais em casa do que em qualquer dos circos que ele se apresentou, e, perdoem o trocadilho: Um  autêntico picadeiro de picaretas, mas a Democracia Presidencialista, tanto aqui, como nos Estados Unidos, é dessa forma. Vou explicar melhor.

Um dia desses, assisti a um talk show onde um comentarista era perguntado pelo repórter como era que Barack Obama democrata, conseguia governar o país com uma Câmara com maioria republicana, a resposta foi na mosca: Do mesmo jeito que Lula, do PT conseguia governar o Brasil no meio de um congresso ultra-fisiológico como o nosso: Pelos vícios do sistema presidencialista, ou seja, barganhando votos dos parlamentares no varejo, e ainda me vem à mente uma frase de um deputado macaco velho, no tempo que Miro Teixeira era candidato ao governo do Rio de Janeiro contra Brizola: O senhor aqui na periferia, com o eleitor pobre e pisando na lama, tem que mudar o discurso, deputado; eles não querem saber de que vão ter suas Liberdades democráticas protegidas, o Senhor, se quiser ganhar, é melhor prometer uma obra. Brizola prometeu, não foi nessa babaquice ideológica e ganhou a eleição, contra inclusive a Rede Globo, que nessa eleição foi até tentado, já naquela época manipular a apuração em que parte dela (a totalização dos votos) era por computador – O escândalo da Proconsult, se é que alguém ainda se lembra dessa época.

Mas isso não importa para nós agora, eu citei porque Dilma tentou, assim como Zé Dirceu tentou antes e está preso, manipular o fisiologismo do Congresso, para o sistema petista de governar: Se Lula não tivesse partido para o acórdão fisiológico, nunca teria sido Presidente e se fosse eleito, não conseguiria governar, como está acontecendo com sua sucessora. Os fisiológicos do Congresso eram na maioria, pertencentes à base aliada, e barganhando emendinhas no orçamento, pequenas sinecuras, cargos em comissão, etc. em troca de apoio nos projetos mais importantes.

Uma frase de Bismark, o unificador da Alemanha, que tem uma fama de homem de ferro, e de beligerante, também é autor de duas frases lapidares que atestam o que estou escrevendo: “Política é a arte do possível”, e “Governar é navegar o barco do Estado através do rio do tempo”. Mais oportunismo, muito difícil, mesmo para um dos lideres mais importantes de História Geral. Ele não forçava e criava as oportunidades, escolhia os momentos favoráveis e nesses intervinha aproveitando as ocasiões, e fundou o Estado Alemão em Versalhes, na França, se aproveitando de uma bobagem dos franceses, que resolveram declarar guerra ao que hoje conhecemos como Alemanha.

Em um caso similar, Lula (assim como seu antecessor Fernando Henrique), aproveitou a onda e surfou ela no que pode, e terminaram seus governos sem percalços e sem serem “impichados”. Dilma, assim como Collor, e sua República das Alagoas, não teve habilidade e um foi, e a outra deve ser defenestrado da Presidência da República, muito mais por erros deles mesmo, que não souberam governar segundo as circunstâncias históricas que se apresentavam e se apresentam. O congresso já era fisiológico antes e muito certamente vai continuar a ser doravante.  Mas, voltando ao tema (Vixi… Temo o Temer), como dizia o grande Tancredo Neves, que já passou por muitos momentos gravíssimos de nossa história recente: “Quando uma onda vai quebrar, não adianta tentar reverter, o melhor é deixar ela quebrar, examinar a espuma, e ver o que se vai fazer depois”. Exatamente como estamos agora.

Nunca a nossa “Presidenta” deu atenção aos deputados, há rumores em que os deputados ao receberem telefonemas dela, mostravam para os presentes, e diziam: “É o terceiro telefonema da Presidente que recebo agora, mas antes, nunca recebi nenhum”.

Pronto, muito provavelmente o impeachment passará no Senado, mas fica para todo mundo como lição, que para ocupar o cargo do país, além de legitimidade, é necessário muito, mas muito mesmo, jogo de cintura, a ginga brasileira que sobrou em Fernando Henrique e em Lula e que faltou, e muito na nossa Presidenta.

O Day After chegou, vamos ver se quem assumir o leme tem a habilidade que Bismark, ou que outros grandes do passado, Itamar por exemplo, tiveram. Disso depende nosso futuro e dos nossos filhos…

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