Há alguns dias vi no noticiário televisivo a reação do parlamento inglês quando o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou a abertura dos bares. Foi um sentimento coletivo nacional de “oh, graças a deus os botecos vão abrir! ”.
Sabemos que os ingleses não são de desfeita quando se trata de emborcar o copo. Não é à toa que eles têm mais de cinquenta mil pubs. Devem abrir mais botecos do que aqui no Brasil se abre igrejas evangélicas. Nada contra os evangélicos, mas tudo a favor dos apreciadores de botequins.
Segundo pesquisas, oito em cada dez adultos britânicos são assíduos frequentadores de bares. Se é que, quem fez a pesquisa não estava fazendo esse trabalho na mesa num desses templos etílicos.
Sei não, mas pelo meu olhômetro, ou mais especificamente segundo o Dataedu, Cajazeiras-PB, minha gleba berçária, em termos relativos, deve superar os dados butecais britânicos. A ascendência do traço estatístico em que me baseio está nas voltas de carro que dou pela cidade com meu irmão lá residente, que também tem conhecimentos irrefutáveis da temática embebida, e checo in loco.
Depois de três meses à seco sem ver o tilintar de copos no aconchego de um pé de balcão, a reação entusiasmada dos parlamentares britânicos, propalada pelas televisões mundo a fora, teve repercussão no bairro boêmio londrino Soho, que ficou tão lotado quanto a irresponsabilidade dos frequentadores dos botecos no Leblon no Rio de Janeiro.
Com abertura franqueada de botecos por governos, seus frequentadores não querem mais diferenciar álcool gel de álcool gelado. É constrangedor ver a tragédia de milhares de mortes diárias pelo mundo, mas a ânsia de um normal com o “novo normal” vai nos atestando como anormais com tragédias.
De minha parte ainda não quero ir a botecos com esses índices e ameaças de contaminação. Prefiro beber em casa, mesmo sabendo que a questão de ser afetado pela covid-19 pode estar dentro de nossa própria residência, em gestos simples de ir pegar na caixa de correio uma correspondência, ou numa simples saída a supermercado pela inescapável necessidade de se abastecer de víveres, mesmo que protegido de máscara e álcool gel.
Mas que dá uma vontade danada de dirigir-se a um boteco com muita sede de ir ao pote, ah, isso dá.