Difícil morrer de tédio no Brasil

O escritor francês do século XIX, Alfred de Vigny dizia que o tédio é a grande doença da vida. O entediado não tem esperança no amanhã. Quando nos interessamos em debater temas provocados pelas informações que nos chegam a cada instante, não nos permitimos dar tempo ao tédio. E a vida passa a ter importância e significado.

Ao despertarmos para a consciência crítica, fugimos da “cultura do tédio”. Não podemos, nem devemos, jamais, assumir uma postura de incompetência social, correndo o risco de cairmos em depressão. Não é possível pensar no sentido de nossa vida sem pensar, ao mesmo tempo, em quem somos ou o que queremos ser. Daí porque é interessante que estejamos sempre sendo alcançados pela dinâmica dos fatos que se sucedem, sejam eles de nosso agrado, ou não. Assim buscamos nossa identidade.

Não temos tempo de ficar entediados quando procuramos perceber diferenças de comportamentos e pensamentos no agir do cotidiano. Somos compelidos a exercitar o ato de refletir para a descoberta de experiências transformadoras e aprendizagens signficativas que nos ajudem a decidir os caminhos que devamos seguir, associando vontade com esperança.

No Brasil contemporâneo de uma coisa a gente pode ter certeza, de tédio não morreremos. Os desdobramentos políticos movimentam a vida nacional e, mesmo sem querer, nos vemos envolvidos neles. Somos, a todo instante, bombardeados por notícias, muitas delas classificadas como fake news. Mas, de certa forma, é isso que dá sentido à vida: estar antenado com o que acontece ao redor e que repercuta no modo de viver.

Essa avalanche de informações que recebemos no dia-a-dia, ainda que, em alguns casos, contrariem a realidade, nos provoca permanentemente ao exercício da reflexão. Impossível, então, entrarmos num estado de tédio. É normal que sejamos atingidos pela ansiedade e dificuldades na tomada de decisões. Porém, é necessário que tenhamos o cuidado em distinguir as informações de qualidade, rejeitando as que são claramente falsas. Quando fugimos do isolamento social, nos livramos também da cultura do tédio. Não podemos perder a concentração, a memória e o foco.

No entanto, se não estamos correndo o risco de morrer de tédio, estamos vulneráveis às influências das excessivas informações usadas com o propósito de nos desviar da atenção para o que realmente importa, sem que saibamos diferenciar a mentira da verdade. Cabe a nós tentar estabelecer prioridades para não perder tempo com o que não nos interessa.

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