Como a economia subterrânea aprofunda a desigualdade social

Apesar der ser um indicador econômico pouco conhecido, e visto por muitos como pouco relevante, o Índice de Economia Subterrânea, divulgado recentemente, nos adverte ao trazer números preocupantes da galopante escalada da informalidade no Brasil.

O IES-Índice de Economia Subterrânea, criado em 2003 por meio de parceria entre o ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial e o IBRE-Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas com o objetivo de mensurar a informalidade econômica que, funciona como uma espécie de compliance reverso.

São empresas e contribuintes que atuam na clandestinidade operando um gigantesco e deliberado esquema de sonegação de impostos, contrabando, pirataria, evasão de contribuições para a Previdência Social, burlando a leis e regulamentações trabalhistas com intuito de cortar custos operacionais e aumentar exacerbadamente seus lucros.

Essa Economia Subterrânea oriunda de produtos e serviços não declarados ao governo gerou um rombo ao longo do ano de 2021 de R$ 1,3 trilhão aos cofres da União que corresponde a 16,8% do Produto Interno Bruto brasileiro. Dados da PNAD do IBGE referente ao terceiro trimestre desse ano aponta uma gritante taxa de informalidade de 40,6%. Segundo o presidente do ETCO, Edson Vismona “com a pandemia, informalidade voltou a operar de forma mais rápida que o mercado formal”.

Enquanto os empregados brasileiros sem carteira assinada afundam desprotegidos na Economia subterrânea outro fenômeno econômico mundial potencializado pela crise sanitária assombra o mundo: o vírus da desigualdade social. 

Tão letal e perverso como da COVID-19 e existir desde os primórdios da humanidade o vírus da desigualdade social emerge numa fúria sem limites que nos obriga a rever nossos conceitos de teoria econômica e de princípios cristãos de solidariedade humana. Dados da OXFAN, uma organização internacional não governamental que desenvolve programas de enfrentamentento as desigualdades sociais, escancararam para o mundo que os 10 homens mais ricos do mundo acumularam mais de US$ 500 bilhões desde que a pandemia começou, uma quantia mais do que suficiente para custear vacinação de todos os terráqueos.

Números do Relatório Global de Desigualdades elaborados por renomados cientistas sociais também revelam dados alarmantes demonstrando que na pandemia a parcela de 10% dos mais ricos detém 76% do PIB global enquanto metade da população, 50% dos mais pobres possuem apenas 2% do PIB.

A desigualdade social e a economia subterrânea são irmãs siamesas que se retroalimentam num ciclo pernicioso sem fim que somente podem ser vencidas por maciças políticas públicas de inclusão produtiva de trabalho e pesados investimentos pelo poder público em obras de infraestrutura como portos, rodovias, ferrovias, aeroportos aliados a uma dura política fiscal estruturante em todas as cadeias de produção.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicações relacionadas
Total
0
Share