A importância da memória histórica

A agitação do dia a dia, o envolvimento com os problemas que vivenciamos no cotidiano e a impressão de que a modernidade representa o que de mais importante nos é oferecido na construção da identidade cultural, nos fazem esquecer que somos, todos nós, seres históricos, herdeiros de valores e conhecimentos que nos foram transmitidos pela ancestralidade. Muita gente despreza a consciência de que o homem não evolui se não conhecer as suas raízes.

A formação da identidade cultural de um povo depende da interação entre o passado e o presente. As estruturas sociais são formadas a partir de referências pretéritas, a volta para o passado e as memórias coletivas. É preciso ter o cuidado de não se permitir que a memória das tradições seja esfacelada, por conta da instauração de novos paradigmas, determinados pelos avanços tecnológicos e científicos. As transformações políticas, sociais e econômicas ocorrem em razão da vinculação do homem com suas origens. Nelas encontramos sentido para os acontecimentos de mudanças. São as experiências do passado que produzem registros históricos que alicerçam os movimentos do presente.

O conceito de “memória histórica” advém da mitologia grega, a deusa Mnemosine, mãe das musas protetoras das artes e da História, frente aos perigos do esquecimento. Ela simboliza a compreensão de que o passado ecoa na consciência coletiva formando conhecimentos que ajudam a cumprir o papel social de formulação da identidade de um povo.

Daí a importância na definição de políticas de preservação e valorização do patrimônio cultural. Conforme a Declaração de Caracas, em 1992, “patrimônio cultural de uma nação, de uma região ou de uma comunidade, é composto de todas as manifestações materiais e espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural”. É o legado que recebemos dos antepassados e transmitimos a gerações futuras.

Quando falamos em preservar o patrimônio histórico-cultural enfatizamos a importância de manter vivos os usos e os costumes populares de uma sociedade. Está representado pelo conjunto de bens materiais e imateriais que contam a história de um povo. É um dever de cidadania assumir a responsabilidade de exercer a função de guardião dos valores patrimoniais de uma sociedade. Há, portanto, a necessidade de que se desenvolvam sentimentos de pertencimento e afetividade para que fiquem assegurados os compromissos de proteção dos bens culturais.

Daí a importância de sistematizar um trabalho educativo objetivando despertar, a partir das crianças, mas também nos adultos, o conhecimento e enaltecimento de sua herança cultural, capacitando-os para o melhor aproveitamento desses bens. Com isso, certamente, alcança-se uma percepção maior do mundo sociocultural em que estejam envolvidos e da trajetória histórico-temporal de formação de sua gente.

A historiadora paulista Emilia Viotti diz: “Um povo sem memória é um povo sem História. Um povo sem História está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmo erros do passado”. Grande verdade. É na memória histórica que se promovem estudos, geram-se conhecimentos e somos conduzidos a reflexões para projetar o futuro. No exercício da memória compartilhada reconstruímos experiências do passado, de forma a nos ajudar a pensar as futuras ações em bases mais sólidas e realistas.

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