As ruas de minha infância

Hoje, peço permissão aos meus leitores para escrever uma Coluna diferente. É que, vez por outra, me vejo passeando pelas ruas de minha infância numa Cajazeiras já bem distante no tempo. De qualquer forma, a pauta não deixa de ser uma reminiscência a que me conduz o portal de dias idos e vividos.

Foram tempos que poucos dos que vivem hoje reconheceriam: as ruas de outrora, os bairros de antanho, todos, por incrível que pareça, muito pertos uns dos outros, uma vez que não havia nem muitos automóveis e nem tão pouco transportes coletivos. Assim é que, praticamente, andávamos de uma ponta a outra da cidade sem disso reclamar.

Não havia distância que nos cansasse: íamos do Alto do Cabelão à Rua das Capoeiras; do Posto dos Veados à Rua do Posto (hoje Desembargador Botto). Eram lugares tão distantes, mas que os achávamos tão próximos que nós os considerávamos apenas pequenas distâncias.

Naquela época, as salinhas de frente de nossas casas, que eram as “salas de visitas”, invadiam as janelas, mostrando-nos cultivados jardins, com suas deslumbrantes e perfumadas flores: lírios, cravos e rosas singelas esparramando os seus galhos a nos encantarem. Vida feliz! Feliz viver do que somente saudades nos restaram.

Era uma época em que nos saudávamos todos, crianças, jovens e adultos, alimentando vizinhanças amistosas. Era uma época que nos permitia sonhar com dias de glória, com um futuro que parecia distante, mas pelo qual ansiávamos no desejo de ser algo na vida, de realizar nossos sonhos… Os amigos e colegas de infância espalharam-se em busca desse sonho, de vencer na vida… Tornamo-nos jovens e adultos mais cedo do que queríamos, e a saudade nos foi mostrando o quanto éramos felizes e não sabíamos.

Hoje, quando o acaso nos faz parar para pensar, vem-nos a recordação das ruas de nossa mocidade e até das paredes da casa do nosso antigo endereço. Como gostamos de revê-las, nem que seja em sonho!

Hoje, nada mais existe, nada mais nos resta dos festivos dias da mocidade. Até as noites sertanejas, que nos deixavam contemplar a lua e as estrelas, como se estivéssemos fazendo “castelos de areia”, elas se foram.

E os platônicos amores de então?… Que dizer deles? O tempo os levou, e, distante deles, hoje nos encontramos. São saudades e reminiscências que, de qualquer forma, fazem-nos rememorar aqueles belos dias. Mas, são saudades, e somente saudades, que nos restam.

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