A voz da consciência

Nem sempre nos dedicamos a ouvir a voz da própria consciência. Talvez por medo da autocrítica. Mas também por insistência em contrariar o que pode ser compreendido como racional para atender interesses que não se harmonizam com a moral e a ética. Nessas oportunidades renegamos nossa capacidade de discernimento, deixando-nos agir influenciados por fatores psíquicos ou sociais.

Procuremos entender o que é a consciência. A primeira compreensão é de que ela representa a voz interior do ser humano. Através dela Deus dialoga conosco. É, na prática, juízo de valor que fazemos do modo pessoal de nos comportarmos, de fazermos nossas escolhas, de tomarmos decisões, de nos posicionarmos contra ou a favor de alguma coisa. Nesse autojulgamento prepondera uma forte conotação moral.

A consciência é uma avaliadora do que seja certo ou errado, do bem ou do mal, do que deve ser feito ou do que deve ser evitado. Os acertos e desacertos da vida estão sempre sendo questionados por nossa consciência. E quando teimamos em não ouvir o que ela nos diz, comprometemos o sentido de nossa vida. Porque nos recusamos a ouvir a voz íntima da inteligência, da razão.

É interessante um pensamento a respeito, proclamado por João Paulo II: “Quando a consciência, esse luminoso olhar da alma, chama bem ao mal, e mal ao bem, está já no caminho da sua degeneração mais preocupante e da mais tenebrosa cegueira moral”. Nossos gostos e desejos não são necessariamente concordantes com a razão. Por isso nos desviamos do entendimento racional, e seguimos caminhos determinados pelo subjetivismo. Geralmente nos inclinamos a obedecer à voz do que achamos melhor, e não do que verdadeiramente é o melhor para nós. Rejeitamos escutar a verdadeira voz da consciência.

Na voz da consciência não se afirmam os “achismos”. Ela nos previne de enganos que estejam próximos de ser cometidos, nos adverte dos equívocos estabelecidos por modismos ou por “efeitos manadas”, quando somos estimulados a pensar como as maiorias circunstanciais pensam. Permitamos que a voz da consciência nos revele a claridade do que é certo e a penumbra do seja errado. A consciência nos diz o que devemos fazer pela razão comandada por Deus.

A consciência é, portanto, o juízo sobre o valor moral do que fazemos ou pretendemos fazer. O problema é que, muitas vezes, nos recusamos a ouvir essa voz íntima, que se confunde com a voz da razão. É quando nos permitimos ser guiados pelas emoções ou interesses escusos que toldam nossa visão e deturpam nossas conclusões. Há verdadeiras multidões que não seguem a voz da consciência, preferindo obedecer cegamente ao som do berrante, comportando-se como integrantes de uma manada, aderindo à opinião dos outros, sem a noção de que se tornaram escravos de uma boiada. São os gregários ideológicos, aqueles que substituíram a voz da consciência pela voz da ideologia da moda. Perdem-se no caminho da vida porque desprezam a voz da própria consciência, agindo conforme as conveniências.

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