A Saga dos Lopes – Trajano Lopes (1ª parte)

O patriarca da família, Trajano Lopes, foi um homem dedicado a três causas: família, comércio e amigos. Num tempo em que possuir um veículo para ir ao trabalho era considerado um luxo, ele fazia, durante a semana, de segunda a sábado, o mesmo percurso, locomovendo-se, a pé, de sua residência, localizada já no final da Rua Padre José Tomaz, quase às portas do Cemitério Coração de Maria, pela Rua Justino Bezerra, em busca da Rua Padre Manoel Mariano, onde se localizava a sua despolpadora de arroz e beneficiadora de sal.

Dadas as ordens para as atividades do dia, dirigia-se, pelo quintal contíguo, à sua casa comercial, na Rua Juvêncio Carneiro, onde já o esperava o seu gerente e homem de confiança, Seu João Bernardo. Esta última já era uma rua essencialmente comercial. Ali, concentravam-se as chamadas casas de estivas e cereais.

Trajano era um cajazeirado que se fez cajazeirense. Nasceu em Teixeira-Paraíba, em novembro de 1898, filho de João de Sousa Pacheco e Amélia Araújo Lopes. Quando completados os seus dez anos, a família optou por morar em São José de Piranhas, o antigo Jatobá, quando parte da cidade foi tomada pelas águas do açude do Boqueirão (Engenheiro Ávidos). Foi ali que cresceram e, desde crianças, Trajano e seus oito irmãos se afeiçoaram ao trabalho. Somente na década de 20 é que a família começou a rumar para Cajazeiras, seguindo uma decisão deste com o seu irmão Joca. Os dois eram os primeiros motoristas de caminhão na cidade que os adotara.

Já quando toda a família residia em nossa cidade, em 1923, Trajano veio a se casar com Luzia Meireles da Costa. Do enlace, nasceram os seus sete filhos: Francisco, que se aposentou pelo Banco do Brasil; Nílson, agente fiscal, que deixou enviuvada a mulher guerreira Ninfa Galvão de Souza, que encaminhou na vida sua prole: Norbertson; Nilbertson, que enveredou pelo futebol, tornando-se famoso lateral esquerdo do Estudantes, e trabalhou na Emconvi, de Walter Cartaxo; Neuribertson, o Nego, que, após a morte do pai, assumiu seu posto na Coletoria Estadual, graças a ingerência de sua mãe; Nildemberg, o Nildinho, foi funcionário do antigo Paraiban. Desta prole, somente restam no nosso convívio Nílson, o Nilsinho, vereador por várias legislaturas, chegando à presidência da Câmara de Vereadores, e Noslin, o mais novo deles.

Voltando aos filhos de Trajano, segue-se a lista: Maria, que enviuvou de Tiburtino Freitas; Amélia, que enviuvou de Stephenson de Souza, funcionário aposentado do Banco do Brasil e de quem Amélia conserva, em sua residência, o seu espaço de trabalho devidamente conservado como ele o deixou; Vina, falecida em São Paulo, onde deixou viúvo Ivo Daniel; Maria de Lourdes, professora, casada com Edson Orestes Ferreira, residentes em São Paulo; e nossa amiga querida e figura bastante conhecida nos meios artísticos cajazeirenses, Lírida Inez, artista, locutora, cantora, dona de uma voz belíssima, nossa antiga colega em emissoras de Cajazeiras. Paraplégica que era desde a infância, nunca se entregou, chegando a ser funcionária da DAEE, em São Paulo. Quando faleceu, estava divorciada. Além dessa prole, a família de Trajano ainda perdeu cinco filhos, na primeira infância. (continua)

NA ILUSTRAÇÃO, TRAJANO, EM FRENTE À SUA RESIDÊNCIA, COM UM AMIGO
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