A paranoia da ameaça vermelha

Muita gente não se dá conta de que o “comunismo” acabou. Alguns insistem nesse discurso retrógrado, desinteligente e desatualizado do anticomunismo. A queda do “Muro de Berlim” em 1989, que representou, por muito tempo, a presença do comunismo no mundo, pode ser considerada o marco do seu fim no planeta. Assim como a fragmentação da União Soviética, tida como a grande potência comunista. As únicas experiências que ainda resistem como sistemas comunistas são China, Coréia do Norte e Cuba. Abomino esses regimes. Sou contra toda e qualquer forma ditatorial de governar, seja de direita ou de esquerda. O comunismo como ameaça ao Brasil nunca existiu.

Triste e preocupante ver que qualquer manifestação de empatia e consciência social, é classificada como “coisa de comunista”. Confundir sensibilidade e solidariedade com “comunismo” é uma estupidez vergonhosa.

As circunstâncias das disputas políticas na contemporaneidade nacional produzem o discurso que associa as pautas sociais progressistas ao “comunismo”. Prepondera o “anticomunismo” de origem fascista ou reacionário. Através da utilização dos meios de comunicação de massas as mensagens anticomunistas têm ampliado o seu alcance. Percebe-se que há exageros e até irracionalidade nos paranóicos discursos anticomunistas, procurando retratar um caráter ardiloso e maligno de uma ideologia que, na prática, nunca se fez presente no Brasil.

Frases como “a nossa bandeira jamais será vermelha”, “livrai-nos do comunismo”, “fora comunismo”, “intervenção militar já” aparecem escritas em diversos cartazes em todas as manifestações políticas da ultradireita brasileira. Teimam em querer convencer a opinião pública de que há uma estratégia comunista para destruir as famílias, a moral e os bons costumes. Falácias que não conseguem se firmar como evidências. Com essa falsa retórica defendem, inclusive, a ruptura democrática, estimulada pelo medo da “ameaça vermelha”. O imaginário anticomunista não pode continuar justificando atos de desrespeito à nossa Constituição e práticas de violência, em período democrático. Vale a pena perguntar: afinal de contas quem será o atual inimigo do Estado Democrático de Direito em nosso país?

Nunca estivemos à beira do comunismo. Estamos, sim, com a nossa jovem democracia em risco. Importante, pois, mostrar que há forças no Brasil contrárias à ditadura. E acabar, de uma vez por todas, com essa balela de que essas forças são alimentadas por um ideário comunista. A luta é em defesa da democracia, da nossa Constituição, do combate às desigualdades sociais e por uma justiça igualitária. Isso não é, e nunca foi, comunismo.

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