Normalmente é assim, os valentões sempre apelam para a vitimização quando se vêem diante de um aperto. Agem como crianças indefesas, na impossibilidade de apresentar argumentos que justifiquem se opor a alguma pressão que estejam sofrendo. Procuram tirar a responsabilidade de si mesmos, transferindo-a para outros. Manifestam-se injustiçados, como agentes passivos de uma conspiração. Nunca admitem serem autores de suas próprias histórias.
Na política, geralmente, são vítimas sistêmicas, que se afirmam atacadas por adversários poderosos. Constroem narrativas que buscam conquistar a solidariedade dos eleitores, incutindo um senso de coitadismo nas pessoas. A vitimização é um instrumento eficaz de manipulação. Procuram se descolar da realidade, na tentativa de enganar os incautos. Postura própria de quem se julga um perseguido pelo sistema. Têm dupla personalidade. A do machão que pode tudo e a do “coitadinho” quando é atacado, e chora clamando proteção e apoio dos seus seguidores. Vitimizam-se para implorar piedade.
Eles acreditam no triunfo do vitimismo. Mussolini e Hitler chegaram ao poder culpando os outros, utilizando a retórica da vitimização, porque se valeram disso para cometer atrocidades, como se tivessem recebido licença moral para tanto. Tornou-se estratégico. Eles sabiam que iriam encontrar pessoas de cabeça fraca, que não pensavam por si próprias e que faziam parte de um rebanho ideológico.
O vitimismo é um discurso fácil de vender. Falam em meritocracia, mas são os primeiros a se colocarem em posições de vítimas quando derrotados em seus projetos políticos. E recorrem à retórica do ódio. Não reconhecendo que lhes faltou competência para ganhar uma eleição, buscam culpados, alegando falsas fraudes nas urnas e traições.
Tenhamos cuidado com os vitimistas. Eles conseguem tudo o que querem manipulando situações, na intenção de amolecer corações em seu favor. Se autopromovem com o coitadismo, dramatizando circunstâncias desfavoráveis pelas quais esteja passando. Fazem chantagem emocional, alimentando-se do lamento. A dinâmica do vitimismo está nas ciências políticas, lamentavelmente.
