A campanha de cada um

Talvez a maior virtude da Campanha da Fraternidade seja a sua perpetuação. Pequenas sementinhas temáticas são espalhadas na comunidade católica, para que a prática seja provocada, experimentada e, por fim, realizada. Após a Semana Santa, oficialmente, encerra-se a campanha, mas, o fato mais proveitoso é a discussão que, embora num país como o nosso – de poucas atitudes convincentes – deságua na própria experiência.

“Sem trabalho… por quê?”, eis o tema. E inúmeros porquês, sabemos, questionamos, mas… não fazemos muita coisa. Na verdade, por mais crédulos e fiéis ao Catolicismo, esquecemos da ação. Ir à missa aos domingos continua sendo, independentemente das campanhas, um voto de confiança e a responsabilidade de que confirmamos e participamos do ritual cristão.

A Semana Santa é, também, e mais ainda, confirmadora de toda a nossa devoção e de todo o nosso respeito, em relação ao sacrifício divino. Mas é a campanha que deve frutificar a nossa prática real e desenvolver uma motivação, uma cumplicidade maior com o mundo, um compromisso de participação. O movimento é uma espécie de relevo no Evangelho; é como se ele dissesse: “ei, psiu, você está lembrado de fazer uma boa ação, de amar ao próximo, de orar, de contribuir para a sua fé?”

 Calma. Não estou levantando bandeiras. Mas, não é possível calar-me diante de devotos fervorosos, porém não caridosos, e ateus convictos, porém solidários e praticantes da palavra de Deus. Contradição? Contradição.

O desemprego é uma conseqüência da nossa própria prática. (E até onde ela vai mesmo?) Estamos conscientes disso? Todo desempregado sabe dos nãos que recebe e dos maus tratos antes, durante e depois da procura por trabalho. Gestos humanitários são medidos, exatamente, pelo valor que é doado ao que está lá, no Grande Livro. Os patrões, por exemplo, que são diretamente apontados para alguma solução, comecem pelos que estão empregados: tratá-los bem, reconhecendo direitos e deveres, não custa nada, nenhum centavo.

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