Manoel do Encanto Nordestino

MANOEL DIAS NETO

* Bom Jesus (PB)

O comerciante Manoel Dias Neto, da conceituada lanchonete Encanto Nordestino, em Cajazeiras, é natural do município de Bom Jesus, filho de agricultores, tem nove irmãos.

“Eu sou do sítio Morada Nova, município de Bom Jesus. Nós fomos criados numa casinha pobre, no sítio, nós vivíamos da agricultura e foi uma história bem sofrida, mas bem legal. Teve uma fase muito difícil. Quando você começa a entender da vida, aí você começa a sentir a dificuldade dos seus pais. No final da década de 70, para o início de 80, nós tivemos uma passagem, o nosso semiárido mudou das chuvas, foram terríveis, então ali foi uma fase muito difícil”, contou.

Desde muito jovem, aos 8 anos, Manoel ajudava os pais na roça e, com o passar dos anos, percebeu que precisaria mudar para ajudar a família. “Eu vi a dificuldade dos meus pais e se eu permanecesse ali, com eles, meu futuro seria aquele também. Onde nós não tínhamos estudo, a oportunidade era quase zero”.

Seu destino, como muitos nordestinos naquela época, foi a cidade de São Paulo, onde Manoel lembra um episódio vivido em seu primeiro emprego, onde, sem muita experiência, tomou uma cerveja com um dos clientes. Ele contou que era normal ver isso nas bodegas do Sertão, mas o episódio lhe custou o emprego.

Após a demissão repentina, o comerciante começou a trabalhar em outra lanchonete. Ele contou que, depois de alguns anos, decidiu procurar outros desafios, queria aprender em lugares maiores e foi, então, que começou a trabalhar em um restaurante italiano ‘cinco estrelas’, onde muito famosos da época frequentavam, como Malu Mader, Hebe Camargo, Sérgio Malandro, Carlos Alberto de Nbrega, entre muitos outros.

Manoel relembra algumas personalidades que causavam uma certa tensão durante o atendimento no restaurante, a exemplo do ex-governador paulista Paulo Maluf e do irmão. “Paulo Maluf, pense numa encrenca grande para atender. Ele e o irmão dele. Muito ricos, muito famosos e ele parece que não gosta muito de nordestino não, porque a gente ia atender com toda humildade, simplicidade. Tratava a gente parecia que ia engolir”.

Em entrevista ao Diário do Sertão, Manoel disse que do dinheiro que recebia na “cidade grande”, ele mandava todo mês uma parte para os pais e relembrou a dificuldade que era naquela época para fazer o envio pelos Correios.

Após muitos anos em São Paulo, depois de ter passado por muitos assaltos violentos, Manoel chamou a esposa para voltar ao Nordeste. Seu sonho era morar em Cajazeiras e ser um comerciante bem sucedido. Em seus primeiros anos, Manoel trabalhava vendendo salgado e caldo de cana no Mercado Central, em Cajazeiras, onde passou pouco mais de cinco anos, antes de abrir a Lanchonete e Restaurante Encanto Nordestino, empreendimento bastante concorrido.

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