Major Chiquinho, o boêmio boa-praça

“Sempre fiz o bem; por isso, só tenho amigos”, diz o Major Chiquinho. Alguém duvida?

“Você bebe? Não. Pois ligue pra revista para mandar um repórter que beba”. Foi com esse estilo extrovertido que o senhor Francisco Assis de Souza, mais conhecido como “Major Chiquinho”, recebeu a reportagem da revista Oba!, para falar sobre os fatos marcantes da sua vida e de sua família. Filho de Germiniano de Souza e Maria Percíncula de Andrade, Francisco Assis de Souza nasceu no dia 13 de março de 1926, e mudou-se para Cajazeiras com três anos de idade, em 1929. O Major relembra que sua primeira professora foi Maria Julia, que ensinou o curso elementar existente naquela época.

O menino Francisco começou a trabalhar ainda na adolescência, em 1941, no escritório de compra e venda de algodão pertencente ao senhor Cornélio Leite de Andrade, e, posteriormente, nas Casas Pernambucanas, onde permaneceu por seis anos, sendo então nomeado pelo governador José Américo de Almeida para o Fisco Estadual.

Em setembro de 1949, Major Chiquinho, casou-se com dona Maria do Carmo Correia de Souza, e desta feliz união nasceram onze filhos: Ronald (Buda), Bertrand, Sidney, Salvino, Maria das Graças, Maria de Fátima, Ângela, Paula, José do Nascimento (Nanêgo), Sonia e Marcílio. Boa parte dos seus filhos possui uma veia artística: “Puxam ao pai”, diz.

Carreira

No Fisco Estadual, Major Chiquinho foi tudo durante os trinta e seis anos e seis meses de carreira. Começou trabalhando em Cajazeiras, depois foi coletor em Antenor Navarro (atual São João do Rio do Peixe), coletor em Uiraúna durante oito anos, coletor em Sousa por seis anos e terminando sua brilhante performance no serviço público como coletor em Cajazeiras durante sete anos.

Comenda

Já com a patente de “Major”, outorgada pelos amigos, seu Francisco relembra, sorrindo, que quando havia dificuldade com mercadorias irregulares nos postos fiscais, os agentes diziam aos infratores que iam chamar o “Major”, e os caminhoneiros pagavam imediatamente, pensando se tratar de um major da polícia.

Dois fatos curiosos marcaram a carreira do Major Chiquinho no Fisco. O primeiro deles foi como coletor em Uiraúna, onde um comerciante que vendia em grosso pegava as inscrições dos pequenos comerciantes e comprava mercadorias em Campina Grande, registrando a compra no nome de terceiros. “O pequeno comerciante ameaçou matar o outro e tiver que agir rápido para evitar um assassinato”, conta.

O segundo fato foi em Cajazeiras, quando um agente notificou um comerciante que estava iniciando no ramo. O comerciante foi até a Coletoria explicar que estava começando e que deixasse ele ganhar algum dinheiro para depois pagar os impostos. “Dispensei a multa e ele hoje é um dos grandes comerciantes da cidade”.

O major conta ainda que nunca fez politicagem nos cargos onde passou. E relembra que pediu a aposentadoria por que seu genro, o médico Vituriano de Abreu, era candidato na época. O Major fala ainda da experiência negativa que teve como tesoureiro da prefeitura em 1989: “só passei oito meses; não é lugar pra quem é honesto”, desabafa.

Boemia

Durante os setenta e oito anos de vida, o Major Chiquinho teve sua fase de boemia. Era seresteiro nas noites de lua cheia ao lado da flauta de Dimas Sobreira e do violão de Cícero Américo, cantando músicas de Sílvio Caldas e Orlando Silva, seus preferidos. Hoje, ainda se emociona ao cantar “Não” e “Mulher Valente” e diz que ainda tem gravado na mente mais de trinta músicas.

Curtindo sua merecida aposentadoria, seja em sua residência ou na Mercearia de “Betinho Cartaxo”, (in memoriam), o Major Chiquinho irradia alegria a todos os seus amigos. E um fato que chama a atenção de todos, é que os policiais militares que o encontram, prestam continência num gesto amigo para aquele que já fez muito pelo engrandecimento do Sertão da Paraíba.

PERFIL PUBLICADO NA REVISTA OBA! (ED. 41, EM 2003)

Major Chiquinho, nasceu no dia 13 de março de 1926, no município de São José de Piranhas. Era filho de Germiniano de Souza e Maria Percinícula de Andrade. Entre os anos de 1941 e 1947, comprava garrafas vazias para revender aos comerciantes da região. De 1948 a 1953 foi contratado por uma famosa loja de tecidos da época, para ocupar o cargo de chefe de escritório. Major Chiquinho foi presidente do Clube dos Comerciário, secretário do Círculo Operário Cristão e Secretário da Loja Maçônica Duque de Caxias, no município de Cajazeiras. Major Chiquinho também exerceu com muita correção, a função de Agente Fiscal, de 1954 a 1985, escrivão e coletor nos municípios de Uiraúna, Sousa e Cajazeiras, onde se aposentou com 30 anos e 06 meses de serviços prestados. Ele faleceu aos 80 anos de idade, no dia 25 de agosto de 2006.

Ele foi casado com Maria do Carlos Correia de Sousa, com quem teve 11 filhos, entre os quais eles, Maria de Fátima Abreu, casada com o médico, ex-prefeito e ex-deputado estadual Antonio Vituriano de Abreu, pais do prefeito de Cajazeiras, Léo Abreu.

GAZETA DO ALTO PIRANHAS – ED. 546 (29/05 a 04/06/2009)

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