Numa manhã de sábado de feira, o ator e ex-vereador Rivelino Martins, padeiro por profissão, estava exercendo o seu ofício na Panificadora Macic, na Praça João Pessoa, quando teve a oportunidade de adquirir duas vistosas traíras, pescadas na madrugada no açude de Boqueirão de Piranhas.
O tempo passou e Rivelino, muito ocupado, esqueceu da salgar as traíras, que logo apresentaram uma cor verde-azulada, característica do iminente apodrecimento. O padeiro mais que depressa temperou os peixes e mandou pro fundo do forno da padaria, já pensando nas bicadas de cana que iria degustar nos bares de Dércio e de Genésio, ali mesmo, nas imediações.
Traíras assadas, mandou um portador entregar uma no bar de Dércio, no final da Praça João Pessoa, e outra no bar de Genésio, no Calçadão da Rua Tenente Sabino, redutos de apreciadores da iguaria, por excelência.
Findo o expediente, Rivelino partiu lépido e fagueiro pro bar de Dércio e chegou todo espalhado, perguntando logo pela traíra que havia mandado pra lá. Irritado com a qualidade do tira-gosto, Dércio sapecou:
“Aqui ninguém come lavagem, não. Sua traíra podre tá ali no lixo.”
DÉRCIO DO BAR
Encabulado, Rivelino tomou apenas uma lapada de cana e partiu pro bar de Genésio, esperando levar uma pancada semelhante. Chegando lá, foi logo perguntando ao bodegueiro se a traíra tinha ficado gostosa.
“Tá boa demais! É a pura manteiga da terra: chega desmancha na boca!”
GENÉSIO DO BAR
Genésio, agarrado no rabo da traíra e sorvendo mais uma dose de conhaque Dreher da peleja diária, deu a declaração que Rivelino estava precisando ouvir…